Quase dois anos e meio após o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais, as consequências para os atingidos ainda são plenamente presentes no cotidiano dessas pessoas.
Dia 29 de junho é o Dia do Pescador, mas existe peixe onde há lama? Pescadores e pescadoras da bacia do rio Paraopeba e do lago de Três Marias vivem um período de estiagem desde a data do crime.
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“Alguns dias depois, o cheiro era tão forte que eu fiquei duas semanas de cama, passando mal. Depois disso, os peixes sumiram. Se antes eu e meu marido pescávamos por dia, juntos, uma média de 50 kg de peixe, tendo uma renda de cerca de R$ 2 mil por semana, agora é comum passar dez dias seguidos sem pegar um sequer”. Esse é relato de Dulcilene Pinto, pescadora, que mora com seu marido, próximo a represa de Três Marias, região ao redor da bacia do Paraopeba.
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Impactos sociais e econômicos
O marido de Dulcilene Pinto passou a trabalhar como piloto de lanchas e ela seguiu como pescadora, mas conta que recebe muito menos que antes do crime: “Nosso peixeiro compra cada vez menos, as pessoas têm medo de comer o pescado vindo do lago de Três Marias, e por isso ele foi desvalorizado. Também quase não vêm mais turistas para os lados de cá. Eu mesma não tenho mais coragem de entrar na água, nem deixo minhas meninas entrarem”.
Para Jonas Veloso, advogado popular, o impacto do crime só pode ser medido pelos próprios atingidos: “Cada grupo, cada construção social teve sua parcela de prejuízo em relação ao rompimento".
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"Se alguém pescava uma quantidade de peixe e não consegue mais, ou se precisou buscar uma outra profissão, ou se teve que mudar de onde morava, se uma espécie de peixe que costumava pescar não aparece mais, se teve dificuldade de comercialização ou então redução do valor do pescado e muitas outras questões que atravessam a vida dessas pessoas, é importante lembrar que elas têm direitos de serem reparadas integralmente", acrescentou o advogado.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Elis Almeida