A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão do uso das seguintes vacinas contra a covid-19 em gestantes: o imunizante do laboratório estadunidense Janssen, do grupo Johnson & Johnson, e do laboratório britânico AstraZeneca, produzido em parceria com a Universidade de Oxford e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O motivo é o risco de trombose associado a esses imunizantes em gestantes, ainda que extremamente raro.
Em maio, a agência já havia feito a recomendação de suspender a AstraZeneca. Na época, a decisão ocorreu paralelamente ao registro de trombose em uma gestante que veio a óbito, depois de tomar a vacina da AstraZeneca, no Rio de Janeiro.
No fim de junho, a Prefeitura do Rio autorizou a aplicação da segunda dose com a vacina do laboratório estadunidense Pfizer, produzida em parceria com a farmacêutica alemã BioNTech, em gestantes que tomaram a primeira dose da AstraZeneca. Assim, o Rio se tornou a primeira capital brasileira a adotar a combinação de vacinas. Com a nova recomendação da Anvisa, outros estados devem repetir a receita.
A taxa de letalidade entre as gestantes é de 7,2%, segundo um boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, diante do índice de 2,8% registrado na população em geral em todo o país.
Bolsonaro tripudia em cima da CoronaVac
Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro mentiu sobre o imunizante produzido pelo Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac, a CoronaVac. Desta vez, lançou dúvidas sobre a segurança da vacina durante uma live.
“Não deu certo essa vacina dele [o governador João Dória] infelizmente no Chile. Aqui no Brasil também parece que está complicado. Torcemos para que essas notícias não estejam certas, parece que infelizmente não deu muito certo”, afirmou Bolsonaro.
Para o final da fila
Enquanto o capitão reformado insiste em se colocar contra as vacinas, nos postos de saúde, a população recusa a vacina do Butantan.
Segundo um levantamento feito pela GloboNews, pelo menos 86 pessoas já recusaram formalmente a CoronaVac, por meio da assinatura de um termo de responsabilidade, no estado de São Paulo. Com isso, sete municípios já começam a aplicar regras para os chamados “sommeliers” de vacina.
Nos municípios de São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Embu das Artes, por exemplo, aqueles que se recusarem a tomar a vacina vão para o final da fila do calendário da vacinação e assinam um termo de comprovação da rejeição.
Em Cerquilho, próximo ao município de Sorocaba, a Prefeitura determinou o envio de dados dessas pessoas para o Ministério Público para apuração de eventual crime contra a saúde pública.
Próximo ao estado de São Paulo, em Belo Horizonte, Minas Gerais, pelo menos 32,9 mil pessoas não foram até os postos de saúde para receber a segunda dose de vacina da CoronaVac.
Nesse clima de negacionismo, a vacina CoronaVac deixa de ser o imunizante mais aplicado no país. Dados do Localiza SUS, plataforma do Ministério da Saúde, mostram que pela segunda vez a vacina AstraZeneca ultrapassa a CoronaVac em quantidade de doses aplicadas no país.
De todas aplicadas até agora, 46,3% são Astrazeneca, 44,9%, Coronavac, 8%, Pfizer e 0,8%. Em números absolutos, são 44,99 milhões de doses da Astrazeneca, 43,58 milhões da Coronavac, 7,76 milhões da Pfizer e 798,21 milhões da Johnson.
Pandemia e vacinação no Brasil
Até às 20h desta segunda-feira (5), segundo o consórcio de veículos de imprensa, 12,92% dos brasileiros completaram o esquema vacinal contra a covid-19: 26.470.130 pessoas tomaram duas doses, entre AstraZeneca, CoronaVac e Pfizer, e 895.278 tomaram a dose única da Janssen, a única que não demanda duas doses.
O ritmo lento de imunização mostra, no entanto, que o Brasil está há oito dias na faixa de 12% de toda a população vacinada. Já a primeira dose, foi aplicada em 36,59% da população.
Paralelamente, o Brasil ultrapassou as 525 mil mortes pela covid-19, nesta segunda-feira (5), segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Entre domingo e segunda, foram registrados 695 óbitos e 22.703 infectados, somando 18,8 milhões de contágios.
Os números diários, ainda que baixos, compõem médias móveis elevadas. A média móvel dos casos, calculada com base na média dos últimos sete dias, está em 49.158. O Brasil só ultrapassou esse número quatro vezes ao longo da pandemia, todos a partir de dezembro de 2020.
A média móvel do número de mortes também é elevada: 1.547. O Brasil só ultrapassou esse número em 9 de março deste ano, quando bateu uma média de 1.573, atingindo o pico em abril.
Edição: Leandro Melito