O Fórum de Combate à Intolerância e ao Discurso de Ódio, coordenado pela Defensoria Pública da União (DPU) e pela Associação Mães e Pais pela Democracia, promove, nesta quinta-feira (15), às 17 horas, a live “Leitura livre do Diário de Anne Frank em HQ”.
A live foi motivada após uma versão em quadrinhos do clássico da literatura Diário de Anne Frank ter sido incluída na lista de leituras obrigatórias do trimestre aos alunos do sexto ano do colégio Marista Rosário, em Porto Alegre, como parte da plataforma digital Árvore - Leitura transforma. Contudo, após a equipe diretiva da instituição receber críticas de algumas famílias que consideram a obra inadequada à faixa etária, por apresentar trechos supostamente eróticos, o livro foi removido da lista de leituras que seriam inicialmente trabalhadas em aula com os estudantes.
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O debate online pode ser acompanhado pela página no Facebook e canal no Youtube da AMPD. Com a participação da Editora Record, de autoridades, escritores e de mães, filhos e filhas, e de estudantes do 6⁰ ano do Colégio Marista Rosário, a atividade tem apoio da AMPD, do Coletivo Voz Materna e da Associação Nacional de História - Seção RS (ANPUH/RS).
Retirada da lista
Os pais foram informados sobre a alteração durante as reuniões de acompanhamento e avaliação realizadas em maio, ocasião em que muitas famílias manifestaram sua contrariedade à decisão de retirada do livro, até por já terem iniciado a leitura e, em alguns casos, adquirido o livro impresso. Além de apontarem preocupação com a interferência direta de algumas poucas famílias no plano de aula desenvolvido pelos professores e pela equipe pedagógica do colégio.
Conforme aponta a AMPD, situação semelhante foi vivenciada em uma instituição de ensino privado em São Paulo. A entidade ressalta que no sexto ano os alunos estão aprendendo sobre os diversos estilos literários, sendo o HQ um dos formatos estudados.
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“A leitura de uma obra neste estilo, inspirada no livro escrito por uma jovem em situação de isolamento social, em consequência de intolerância extrema, é uma oportunidade de desenvolvimento cultural que não poderia ter sido cerceada, sob o argumento de adequação etária que não se sustenta pela análise pedagógica da obra nem tem respaldo nas informações dadas pela editora do volume”, afirma a entidade.
Após o caso ser apresentado na reunião do Fórum de Combate à Intolerância e ao Discurso de Ódio, a Procuradoria da República dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal, por meio do procurador Enrico Freitas, sugeriu que fosse feita uma live com leitura do livro com mães e estudantes.
“Só queremos mais voz e mais democracia na escola para que seja possível uma educação de fato livre e plural em tempos sombrios e de ódio. Anne Frank é uma obra clássica e patrimônio cultural da humanidade e que nos fala sobre liberdade durante a guerra, o que se assemelha ao isolamento que vivem os nossos filhos hoje nesta pandemia”, esclarece a presidenta da Associação, Aline Kerber.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Rebeca Cavalcante e Marcelo Ferreira