O Brasil registrou 542 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, o menor registro desde o dia 6 de fevereiro, e o total de óbitos na pandemia chegou a 542.756. De ontem para hoje foram notificados 15.271 novos casos de covid, totalizando 19.391.845 desde 26 de fevereiro de 2020.
Às segundas-feiras, os dados tendem a ser inferiores à realidade, já que existe menor número de trabalhadores ativos da medicina diagnóstica aos domingos.
A última semana confirmou tendência de recuo em casos e mortes pelo coronavírus, sendo as 8.373 mortes notificadas o menor número em cinco meses. O mesmo movimento é observado em relação aos infectados.
Foram 273.445, menor número desde a última semana de dezembro de 2020. Os resultados confirmam tendências apresentadas por especialistas e têm relação com o avanço na vacinação.
Vacinação
Embora lenta, avança o número de pessoas que já receberam imunizantes. A eficácia das vacinas fica evidente no recuo de mortes e internações, especialmente, entre estes grupos prioritários.
Estima-se que até o fim do ano, 70% dos brasileiros tenham recebido duas doses das vacinas disponíveis. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o avanço da vacinação chegue acima de 80% para que o surto seja controlado.
Entretanto, trata-se de um avanço. “Certamente teremos de rever esse percentual, mas chegar em 70% já significará uma diminuição grande nas internações e nos óbitos”, afirma a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo.
Até o momento, o país conta com 17% da população vacinada com duas doses e 47% iniciaram o processo de imunização com a primeira. Cerca de 125 milhões de doses foram aplicadas.
Libera geral
Embora a vacinação apresente tendências positivas no Brasil, a pandemia não está sob controle. Ao contrário, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que o índice de transmissão segue alarmante em quase todo o país. Com a melhora nos indicadores, existe o temor por um “libera geral” das autoridades.
O fim das medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscaras, pode significar o recrudescimento do surto e o aumento nas internações e mortes.
“A pior ação na pandemia descontrolada é achar que ela está controlada e liberar tudo. Assim, as pessoas que não estão vacinadas e as parcialmente vacinadas podem contribuir para o surgimento ou espalhamento de novas variantes que escapem às vacinas. Esse momento exige cautela”, afirma Ethel.
O surgimento de novas variantes é uma ameaça considerada “muito provável” pela OMS. A variante gamma (P1), identificada como de origem em Manaus, por exemplo, quando se tornou dominante no país, no que ficou conhecido como “segunda onda”, dobrou a média de mortes em comparação com os piores dias do primeiro impacto, ainda em 2020.
Variantes
Agora, a variante delta, identificada pela primeira vez na Índia, acende o alerta no mundo. Com potencial de transmissão até 70% maior, a cepa também implicou em mudanças no panorama de imunização.
A mutação do vírus derrubou a eficácia das primeiras doses das vacinas, o que motivou o mundo a correr para antecipar as segundas doses. Com o esquema vacinal completo, os fármacos seguem seguros e com grande eficácia, mesmo contra a delta.
Nesta segunda (19) a Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou estudos sobre terceiras doses para reforçar a imunização. Entretanto, trata-se de um estudo preliminar e que vai contra indicação da OMS. O momento, para a entidade, é de vacinar com duas doses o máximo de pessoas possíveis.
A variante delta motivou, na última semana, o aumento no número de casos de covid-19 em todo o mundo em 1%. A cepa ainda circula de forma tímida no Brasil, mas já dá sinais de expansão, e deve se tornar dominante nos próximos meses, como já visto na Europa e Ásia.
Os continentes registraram aumento de 21% e 12%, respectivamente, nos casos. “Estamos numa situação muito perigosa. Ainda vemos aumento de mortes e casos. Estamos nos distanciando do fim da pandemia“, disse a diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, em coletiva concedida nesta segunda-feira (19).
Longe do fim
O diretor de operações da OMS, Mike Ryan, questionado sobre o fim da pandemia, disse: “Temos que ser honestos, não sabemos”. A OMS destacou ainda a grande circulação do vírus no Brasil e disse que o país, assim como outros, estaria “preso em uma situação de elevada intensidade de transmissão”. “Foram quase 1 milhão de novos casos nas Américas e 22 mil mortes. Portanto, ainda estamos longe do fim nas Américas”, completa.