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‘Antes de tratar o Covid-19 é preciso tratar a pessoa’, diz médico ao Programa Bem Viver

Tratamento humanizado devolve esperança para pacientes graves. Iniciativa foi implantada em hospital de Ribeirão Pires

Ouça o áudio:

Dr. Malek (à esquerda) e Irineu Pereira, no momento da alta hospitalar - PMRP
Se o paciente gostava de música, cantávamos. Liamos cartas da família e lembramos momentos felizes

Um método sensível, pessoal e inovador de tratamento humanizado da Covid-19 foi aplicado em um hospital de campanha de Ribeirão Pires (SP), onde a equipe médica começou a cuidar dos pacientes não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Assim, além de controlar os sintomas mais graves da Covid-19, a equipe médica tratava angústia, ansiedade e outras emoções que complicavam ainda mais o quadro de saúde das pessoas internadas.

“A medicina humanizada prevê não tratar apenas a doença, mas também quem está doente. A pandemia mostrou que precisamos acolher o paciente antes de acolher a doença”, diz o mentor da iniciativa, o médico Malek Imed, que foi coordenador do Hospital de Campanha de Ribeirão Pires, que ele rebatizou de “Casa de Campanha”.

A ideia do Protocolo Humanizado desenvolvido no hospital é qualificar os pacientes, entendendo-os não apenas como um número, mas como um indivíduo, que planos, sonhos e interesses, que podem ser mantidos inclusive durante o tratamento. Como, em geral, as internações são longas e sem visitas, há também um esforço para manter os laços com a família e com os amigos.

“Cada ser humano é um pai, uma mãe, um filho… Ele é importante para alguém”, diz o médico. “Além da dor física, os pacientes chegavam com muito medo e nós tentávamos amenizar isso. Se ele gostava de música, nós cantávamos para ele, se tinha uma religião, liamos trechos da Bíblia ou do Alcorão. Liamos também cartas da família e relembrávamos momentos felizes e marcantes que os pacientes viveram. A esperança é muito importante no tratamento. Nós trabalhamos pela vida.”

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Outra iniciativa foi criação da “Árvore da Vida”: todos os pacientes que recebiam alta tinham o nome colocado na árvore, servindo como uma mensagem de esperança e incentivo para quem estava em tratamento. “Muitas pessoas me disseram: ‘doutor, estou ansiosa para colocar meu nome na Árvore da Vida”, lembra. “Sempre que alguém saía, batíamos palma com muita força, para que quem estivesse internado percebesse que havia pessoas saindo. Era a esperança que eles precisavam.”

O médico afirma que as ações do Protocolo Humanizado têm impactos positivos no tratamento. Como a Covid-19 é uma doença pulmonar, o controle da respiração é importante para o tratamento e a ansiedade pode piorar o quadro.

Outra medida colocada em prática foi o acolhimento de familiares. Todos os dias, médicos conversavam por vídeo com a famílias dos pacientes, reservando tempo para esclarecer dúvidas. Após a conversa, as famílias passavam por um acompanhamento com psicólogos ligados ao hospital.

Órfãos da Covid

O Consórcio do Nordeste, criado em 2019 para ser o instrumento jurídico, político e econômico de integração dos nove estados da região, criou uma iniciativa para amparar crianças que perderam os pais para a Covid-19. Trata-se do "Auxílio Cuidar", um programa social que identifica crianças órfãs e concede um benefício de R$ 500 por mês até a maioridade, para garantir a subsistência e a permanência junto à família estendida, como avós e tios.

:: Órfãos da covid-19: estados do Nordeste buscam saídas para amparar crianças e adolescentes ::

O projeto já foi aprovado na Assembleia Legislativa do Maranhão no começo do mês e vai entrar em prática em breve. O Maranhão é um dos estados com o menor número de mortes por Covid-19, com uma média de 130 óbitos para cada 100 mil habitantes. A média geral do Brasil é de 258 para cada 100 mil habitantes.

Entre os 10 estados com menores número de mortes pela doença, proporcional ao número de habitantes, seis estão da região Nordeste. A integração dos governos dos estados possibilitou a criação do chamado Comitê Científico do Consórcio do Nordeste, responsável por pensar e pôr em prática políticas públicas coordenadas para conter a circulação do vírus.

Olimpíadas na pandemia

Contrariando o posicionamento de diversos especialistas, o Comitê Olímpico Internacional e o governo japonês assumiram o risco de realizar os Jogos Olímpicos de Tóquio, que começam nessa semana, em meio à pandemia de Covid-19. Existe uma série de protocolos sendo seguidos, boa parte dos atletas estão vacinados e vão realizar testes de Covid todos os dias, porém já está provado que até os protocolos mais rígidos podem falhar.

Mesmo em países com alta taxa de imunização, tem ocorrido ondas de infecção. Israel e Reino Unido, por exemplo, vinham observando há várias semanas uma redução nos casos de Covid-19, de hospitalizações e de mortes, mas recentemente registraram um aumento considerável de novas infecções por conta da variante Delta, mais contagiosa que as outras.

:: Atletas brasileiros em busca de medalhas e mais incentivos ::

A abertura dos Jogos será na próxima sexta-feira (23), porém a estreia brasileira ocorrerá amanhã (21), com o time feminino de futebol, que joga contra a China. Essa modalidade inicia antes por ter um calendário mais extenso.

Para além dos impactos relacionados à pandemia, os atletas brasileiros vivenciam uma realidade de cada vez menos apoio do governo. O país não tem mais o Ministério dos Esportes. O órgão está integrado no Ministério da Cidadania, que junta também as pastas de Cultura e Desenvolvimento Social.

Cuidado com as abelhas

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma forma de medir a toxicidade por agrotóxicos em abelhas a partir da análise de poucos insetos. Antes eram necessárias dezenas de abelhas mortas para fazer a análise, já que só é possível identificada os agrotóxicos quando os animais não estão vivos. A nova técnica permite que a análise seja feita com menos abelhas, causando um impacta menor no meio ambiente.

:: Abelhas: fundamentais para agricultura, mas ameaçadas pelos agrotóxicos ::

As abelhas são insetos responsáveis pela polinização de diversos alimentos, em especial frutas e verduras comumente usadas na alimentação humana. Diversos estudos vinculam a morte precoce das abelhas ao uso de pesticidas. Muitos dos produtos são mortais para os insetos.

Literatura inclusiva

A editora Unicamp, ligada a Universidade Estadual de Campinas, lançou uma versão do livro “Contos”, de Mário de Andrade, acessível a pessoas com deficiência auditiva ou visual. São cinco histórias com tradução para Libras e com leitura gravada.

A edição interativa conta com um aplicativo para celular no qual é possível acessar a tradução dos contos para Libras e ouvir as histórias narradas em áudios. O app conta ainda com glossários com palavras traduzidas em Libras e com jogos interativos.

A obra acessível está disponível no site da Editora Unicamp.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes