As mortes diárias, novas infecções e internações por covid-19 seguem tendência de recuo no Brasil. Nas últimas 24 horas, foram 1.424 vítimas, totalizando 545.604 mortos desde o início da pandemia, em março de 2020.
Os casos no período foram 54.517. O acréscimo resulta em um total de pelo menos 19.473.954 infectados pelo vírus. Embora os resultados sejam positivos, a pandemia segue fora de controle e existem desafios para a superação da crise. Entre eles, esforços para que a população tome as duas doses das vacinas.
No estado de São Paulo, que conta com 53% da população vacinada com uma dose, o número de pessoas em atraso com a segunda dose cresceu no último mês. De acordo com a secretaria de Saúde, 642 mil pessoas não compareceram para completar o esquema vacinal. No último mês, este número era de cerca de 400 mil.
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O coordenador executivo do Centro de Contigência do Coronavírus de São Paulo, João Gabbardo, chama a atenção para fatores que atrapalham o processo de vacinação. Entre eles, disseminação de mentiras e fake news sobre a segurança e eficácia das vacinas.
“Tanto sobre risco de efeitos colaterais leves, de achar que não é necessário, e até mesmo movimentos contra vacinas. Tudo isso pode estar impactando”, afirma.
Gabbardo ainda cobrou que o Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro cumpra com seu papel de conscientização. “Seria muito importante que o próprio Ministério da Saúde fizesse essa comunicação. É importante que o governo federal, que é responsável pelo Programa Nacional de Imunização (PMI), faça uma grande campanha de esclarecimento.”
Estratégias
O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), disse que amanhã fará uma reunião com o governador tucano, João Doria, sobre a possibilidade de mais estratégias para convocar a população para a segunda dose.
“Temos estratégias e vamos discutir isso amanhã com o governador. Quais ações adicionais temos de fazer. A imprensa está executando seu papel essencial de reforçar a necessidade da população completar seu esquema vacinal. Mas vamos pensar em outras estratégias também”, disse.
O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), disse que amanhã fará uma reunião com o governador tucano, João Doria, sobre a possibilidade de mais estratégias para convocar a população para a segunda dose.
“Temos estratégias e vamos discutir isso amanhã com o governador. Quais ações adicionais temos de fazer. A imprensa está executando seu papel essencial de reforçar a necessidade da população completar seu esquema vacinal. Mas vamos pensar em outras estratégias também”, disse.
Variante delta
A circulação da variante delta do coronavírus torna ainda mais essencial que todos tomem as duas doses. Isso, porque estudos preliminares indicam que a mutação reduz a eficácia das primeiras doses dos imunizantes. “É fundamental a segunda dose, tendo até como argumento de que variantes impactam pessoas que não completaram o esquema vacinal”, completa Gabbardo.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Regiane de Paula, reforçou o argumento de Gabbardo. “Só com a segunda dose você estará protegido. Não só você, mas todos no seu entorno. Isso é essencial. Retornem para a segunda dose. Mesmo que o prazo tenha passado, compareça”, disse.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que são necessárias cautelas em relação à mutação. “Preocupa a circulação comunitária da variante delta. Preocupa em São Paulo e em todo o Brasil. Tudo indica que ela terá importância epidemiológica. À semelhança do Reino Unido onde os casos voltaram a crescer. Temos de tomar todo o cuidado.”
Covas afirmou, ainda, que o Butantan se prepara para realizar testes sobre a CoronaVac em relação à cepa, e que o instituto está ampliando o número de sequenciamentos genéticos em amostras de infectados.
Máscaras e distanciamento
Caso a variante impacte negativamente no cenário de mortes e infectados, Dimas disse não descartar a necessidade de ampliar medidas para conter o vírus. “Medidas que visam ter consciência do atual panorama e fazer a contenção, se for necessário”.
O chefe do Comitê, Paulo Menezes, disse que existem expectativas positivas no enfrentamento da mutação com o avanço da vacinação. “Graças ao nosso histórico e ao SUS temos uma grande adesão à vacinação. Até o fim do ano teremos praticamente toda a população adulta vacinada com duas doses”, disse. “Isso nos ajuda a enfrentar a variante delta. Estamos caminhando com cautela. Não estamos pensando em retirar as máscaras. Nos países em que vemos recrudescer a pandemia pela variante delta, isso havia sido suspenso. Medidas de distanciamento também são necessárias.”
Eficácia da vacinação
As médias móveis, calculadas em sete dias, de casos e mortes diárias por covid-19, revelam a eficácia da vacinação. Os índices apresentados hoje são semelhantes aos da primeira onda do ano passado, 50% inferiores dos observados durante a segunda onda, entre março e junho deste ano. O indicador está em 1.173 mortes e 37.746 casos. Os dados de São Paulo seguem no mesmo caminho.
“As taxas de ocupação de UTIs no estado estão em 60,19%. Na Grande São Paulo, 55,65%. Temos 6.920 pacientes. Estamos em um número muito próximo ao pico da primeira onda, quando tínhamos 6.500. No dia 1º de abril, tínhamos 13.150”, disse o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn.
O secretário também chama a atenção para o número baixo de internados em enfermarias. “Temos 6.684 pessoas internadas. Isso é importante, porque a partir do segundo semestre do ano passado, sempre tivemos duas a duas vezes e meia mais internados em enfermarias do que em UTIs. Hoje, o número é muito similar. Isso é claramente relacionado à vacinação”, avalia.
Outra notícia positiva é a queda nas mortes. Nos últimos sete dias, 44% dos municípios paulistas não registraram vítimas.
“Chegamos a registrar 813 mortes por dia em agosto e hoje este número está em 386. Temos 53% da população que já recebeu imunizantes, 288 municípios não apresentaram óbitos na última semana”, completou Gorinchteyn.
Vacinação em grávidas
Outro informe do governo de São Paulo sobre a vacinação contra a covid-19 tem impacto em mais de 9 mil grávidas ou puérperas do estado. Todas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca tiveram o reforço suspenso após recomendações da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa). Agora, em São Paulo, elas estão liberadas para tomar a segunda dose do imunizante da Pfizer.
A combinação entre as duas vacinas não é novidade. A Inglaterra utiliza a combinação que demonstra alta eficácia. Agora, estudos comandados pela secretaria de Saúde, apontam para esse caminho. “Nesse momento, a mortalidade pela covid é muito superior a qualquer risco teórico relacionado à vacina”, disse a presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), Rossana Pulcineli. Ela argumenta que a combinação é segura, eficaz e não provoca efeitos colaterais relevantes.