O Brasil registrou hoje (22) mais 1.412 mortos por covid-19 em um período de 24 horas. Com o acréscimo, o país totaliza 547.016 vítimas oficialmente notificadas desde o início do surto, em março do ano passado. O número de novos casos registrado no período foi de 49.757, totalizando 19.523.711 até aqui.
Como esperado, o avanço da vacinação segue mostrando-se eficaz para levar o surto a uma trajetória de recuo. Entretanto, epidemiologistas demonstram preocupação crescente com avanço da chamada variante delta do novo coronavírus.
A média diária de mortes, calculada em sete dias, está em 1.153; menor patamar desde o dia 26 de fevereiro. Já a média de casos diários está em 37.313, a menor desde o dia 6 de janeiro. O patamar de novas infecções é inferior mesmo ao registrado no pico da primeira onda, em abril de 2020, e mais de 50% menor do que os piores dias da segunda onda, entre março e abril deste ano.
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Dos 27 estados da federação, apenas Acre e Amazonas apresentam tendência moderada de crescimento da transmissão do vírus. Os demais seguem em tendência de recuo ou estabilidade. Contudo, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta que os índices seguem tragicamente elevados no país, e reafirma que o surto pode desenvolver períodos de recrudescimento.
A entidade destaca que “este cenário sugere possível manutenção do número de hospitalizações e óbitos em alto patamar, caso medidas preventivas não sejam adotadas”. Um dos dados apontados pela Fiocruz como preocupante aponta que todas as capitais do país encontram-se em regiões com nível de transmissão “muito alto”, “alto”, ou “extremamente alto”.
Vacinação
Os dados da vacinação no país ainda não permitem descartar medidas de segurança como uso de máscaras e distanciamento social. Estão totalmente vacinados com duas doses de algum imunizante ou com vacina de dose única apenas 17,82% dos brasileiros. O número de pessoas que receberam ao menos uma dose é de 47,86%.
Para que o país alcance patamares seguros de uma imunidade coletiva por meio da vacinação, a Organização Mundial da Saúde estabelece em mais de 75% da população totalmente imunizada. Entretanto, autoridades sanitárias de países como a Alemanha, por exemplo, consideram a meta ultrapassada ao se chegar em mais de 80% de imunizados.
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Soma-se a esse contexto de insegurança, a crescente circulação no Brasil da variante delta do coronavírus. Em todo o mundo, a mutação identificada pela primeira vez na Índia fez com que o número de casos explodisse rapidamente. Na Europa, com taxas altas de imunização, acima de 40% de toda a população, as vacinas estão funcionando bem para evitar mortes.
Nos Estados Unidos, a cepa elevou o número de novos casos e mortes. A delta representa 83% de todas as infecções no país. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano informa que 99% dos óbitos reportados nas últimas semanas são de pessoas que recusaram a se vacinar.
Mesmo com a eficácia das vacinas contra as mortes por covid, a alta circulação do vírus aumenta as chances do surgimento de variantes mais potentes. Hipótese considerada “muito provável” pela OMS. No Brasil, ainda há predomínio da cepa gamma, ou P1. Contudo, a variante delta deve se tornar dominante nas próximas semanas. Até o momento, 135 casos de covid provocadas pela delta foram registrados, número considerado seguramente subnotificado.
Variante Delta
Outro ponto de atenção no país é sobre a necessidade de tomar a segunda dose. Apenas em São Paulo, mais de 600 mil pessoas estão com ela em atraso.
A variante delta é até 70% mais contagiosa e, quando infecta uma pessoa, apresenta carga viral superior. Além disso, a cepa derruba parcialmente a eficácia das primeira dose das vacinas ministradas em duas etapas. Também prejudica o desempenho daquelas tomadas em dose única.
Uma dose da vacina da Pfizer garantia até 85% de eficácia para outras cepas do coronavírus. Contra a variante delta, estudo divulgado ontem (21) aponta que o valor cai para 30,7%. O mesmo acontece com o imunizante da Astrazeneca. De eficácia superior a 50% na primeira dose, a cepa reduz para 25,2%. Os dados são de estudo da Universidade de Oxford em parceria com o Imperial College de Londres.
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Porém, os imunizantes recuperam a alta eficácia após as duas doses. A Pfzer garante 88% de eficácia e a Astrazeneca 67%. Já para evitar casos graves e mortes, as vacinas se aproximam de 100% de proteção. Estudos em andamento com a vacina da Janssen, de dose única, também apontam para a queda em sua eficácia. Já sobre a CoronaVac, o Instituto Butantan informou que começou hoje um estudo específico sobre a variante. “Essa é uma medida necessária, e todas as vacinas têm que ser testadas dessa maneira”, disse o diretor do instituto, Dimas Covas.