meio ambiente

Programa Bem Viver debate como desmatamento da Amazônia aumenta o CO2 na atmosfera

Estudo do Inpe aponta que queimadas e derrubada de árvores fazem floresta emitir mais gás carbônico do que ela absorve

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Aumento de CO2 acirra as mudanças climáticas, intensifica os períodos de seca e causa drásticos impactos à biodiversidade do bioma - Valter Campanato/Agência Brasil
Observamos que as emissões de CO2 por queimadas são três vezes maiores que a absorção da floresta

Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que, pela primeira vez, a Amazônia emite mais gás carbônico do que consome, invertendo a dinâmica do bioma. Isso ocorre porque o desmatamento e as queimadas na floresta têm lançado uma quantidade tão grande de CO2 na atmosfera que o bioma não consegue absorver. Essa mudança pode trazer diversos desequilíbrios socioambientais.

“Observamos que as emissões de CO2 por queimadas e desmatamento são três vezes maiores que a absorção que a floresta faz. Assim, no saldo, a Amazônia está mais emitindo do que absorvendo gás carbônico, por conta do desmatamento e das queimadas”, disse uma das autoras da pesquisa, Luciana Gatti, do Inpe, em entrevista a edição de hoje (22) do Programa Bem Viver. “Se esses problemas fossem controlados, a Amazônia removeria 2.470 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera por ano, ao invés disso estamos lançando 1,5 bilhão de toneladas de CO2 neste período.”

A pesquisa foi feita ao longo de 8 anos. Foram realizados pelo menos 600 voos de avião para captar dados que indicassem a quantidade de dióxido de carbono e monóxido de carbono na atmosfera.

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Pelas características de uma floresta tropical úmida, que é o caso da Amazônia, o ciclo natural seria ela fosse um reservatório de carbono, já que as árvores absorvem o CO2 na fotossíntese e devolvem oxigênio pro ar. A inversão nessa dinâmica acirra as mudanças climáticas, intensifica os períodos de seca e causa drásticos impactos à biodiversidade do bioma.

Nas regiões mais desmatadas, os cientistas já perceberam uma redução de 34% no volume de chuva durante o período seco. Algumas áreas têm registrado a temperatura 3 graus acima do padrão. Segundo a pesquisadora, esses efeitos vão começar a impactar a floresta, já que as árvores estavam acostumadas ao regime natural de chuva e a temperatura dentro da média. A tendência é que elas acabem morrendo, mesmo sem ação direta de desmatamento.

No lugar dessas árvores, vão surgir outras adaptadas ao clima mais seco, o que amplia o irreversível processo de desertificação da floresta, responsável pela redução da biodiversidade e do volume de água disponível. “Há alguns anos, estudos já vem observando aumento da mortalidade de árvores. Estamos vendo a resultante de todos os processos de degradação que ocorrem na floresta”, diz a pesquisadora.

“Primeiro madereiros desmatam e queimam áreas da floresta. Depois os grileiros venderem essas terras, o que ilegal porque elas são públicas”, pontuou a pesquisadora. “Existe uma rede criminosa para se apropriar de terras públicas e atualmente existe uma promessa de legalizar essa prática [entre elas o Projeto de Lei 2.633/2020, popularmente conhecimento como PL da Grilagem, em tramitação no Congresso]. Isso acaba estimulando mais ainda as pessoas a desmatarem e venderem a terra com promessa de propriedade”.

Artistas Yanomani em exposição na China

Obras de arte produzidas por indígenas Yanomami do Brasil são apreciadas pelo público chinês, na mostra “Árvores”, em exposição na cidade de Xangai. O evento reúne ao menos 200 peças de artistas de diferentes partes do mundo.

Não é a primeira vez que as obras Yanomami saem do país: elas já tinham sido expostas em Paris em 2019.

Um dos artistas selecionados é Joseca Yanomami. Ele nasceu na década de 1970, e foi um dos primeiros indígenas da etnia a se envolver em estudos acadêmicos relacionados à linguagem. No começo dos anos 2000, Joseca foi o primeiro Yanomami a trabalhar na área da saúde. Nessa época, ele também começou a esculpir animais em madeira e a desenhar.

Esse trabalho possibilitou que viajasse pela Europa, em excursões realizadas pelo líder Yanomami Davi Kopenawa, que atua há décadas na luta dos povos originários do Brasil e viaja o mundo na busca de acordos e parcerias internacionais para proteger a Floresta Amazônica. Foi numa dessas viagens que Joseca começou a expor: em 2003 as obras foram selecionadas por uma academia renomada francesa de arte, e desde então são expostas em diversas mostras.

Em entrevista à organização não-governamental Instituto Socioambiental (ISA), Joseca contou que aprendeu a desenhar ouvindo os pajés cantarem, tentando representar em desenho as imagens narradas. Segundo Joseca, seu trabalho tem como foco retratar espíritos que aparecem em seus sonhos.

Algumas dessas obras estão disponíveis para visualização na internet, no Brasil de Fato e no site do Instituto Socioambiental.

Cloroquina para indígenas

Um documento entregue à CPI da Covid-19 no Senado aponta que desde o início da pandemia o Ministério da Saúde já entregou ao menos 620 mil comprimidos de cloroquina para territórios indígenas da amazônia. Em algumas comunidades Yanomami, 10 unidades do medicamento estavam disponíveis para cada pessoa.

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A cloroquina é utilizada para combater malária, e deve ser usada de forma controlada e com acompanhamento médico. Até semana passada o governo federal propagandeava que esse remédio era eficaz no combate à Covid. A primeira afirmação do Ministério da Saúde de que a cloroquina não funciona contra a doença veio há menos de 10 dias, também em um documento enviado à CPI.

O Ministério da Saúde não confirmou a informação. Senadores levantam a hipótese de o governo teria escolhido aldeias indígenas para se desfazer da grade quantidade de cloroquina que foi fabricada e comprada no Brasil durante a pandemia.

Órfãos da Covid

A revista científica internacional The Lancet publicou ontem (21) uma estimativa de que aproximadamente 1 milhão de crianças no mundo perderam o pai ou a mãe por Covid-19.

No Brasil, o estudo aponta que são 113 mil crianças ficaram órfãos por conta da pandemia. Além disso, 17 mil crianças perderam um dos avós que cuidavam delas.

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O relatório foi elaborado a partir de dados de nascimentos e mortes dos países mais afetados pela pandemia. Os pesquisadores analisaram números de anos anterior a presença da Covid e fizeram um comparativo. Segundo a equipe envolvida, os números podem ser ainda maiores.

Proteção às baleias

Trinta e cinco anos após a proibição da caça de baleias no Brasil, a média de animais avistados no litoral do país aumentou consideravelmente, chegando a casa das centenas. Além de tornar crime a caça, outras políticas públicas foram fundamentais para chegar nesse nível, como criar áreas de proteção para o mamífero e conscientizar a população sobre a importância desses animais.

Uma das maneiras de colocar essa estratégia em prática foi criar passeios que levam a população para fazer avistamos de baleias, em praias de São Paulo, Santa Catarina e Bahia, por exemplo. Trata-se de passeios de barco nos quias os turistas chegam a poucos metros dos animais, em uma experiência emocionante e inesquecível.

No século 18, uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil era a caça de baleias para extração da gordura do animal, que era transformada em óleo e utilizado na iluminação pública.

Com o passar dos anos, a caça foi mudando objetivo e ficando cada vez mais predatória até que a atividade se tornou uma verdadeira ameaça para a existência das baleias no litoral brasileiro. No pior momento, na década 1980, os animais não eram mais avistados na costa. Foi nesse momento que a caça foi proibida.


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Edição: Sarah Fernandes