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Ato contra Bolsonaro no Rio de Janeiro leva 75 mil pessoas às ruas do centro da capital

Impeachment, ampliação da vacinação contra a covid-19 e aumento do auxílio emergencial foram as pautas principais

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Fora Bolsonaro
Ato contou com a participação de artistas e parlamentares - Stefano Figalo/Brasil de Fato

Movimentos populares, estudantes, trabalhadores, lideranças sindicais e de diversos partidos políticos voltaram às ruas do Centro do Rio de Janeiro neste sábado (24) para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

:: Manifestações pelo fim do governo Bolsonaro tomam as ruas; acompanhe em tempo real ::

Os manifestantes também cobraram a aceleração na campanha de vacinação contra a covid-19, o fim da invasão de terras indígenas e das privatizações. 

O ato teve início às 10h, com concentração no Monumento Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, e percorreu os quase quatro quilômetros da via, que é uma das principais da cidade, até a Igreja da Candelária. Segundo as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, a manifestação reuniu 75 mil pessoas.

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O ex-senador e atual vereador Lindbergh Farias, do Partido dos Trabalhadores (PT), disse que a deterioração econômica para a população mais pobre do país teve início com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016, e ganhou fôlego com fraudes no processo que prendeu e tirou o ex-presidente Lula das eleições de 2018 contra Bolsonaro.

"Fabricaram fraudes no processo eleitoral para impor um programa, um projeto neoliberal. Estamos vendo que é o povo mais pobre que está pagando por isso. A fome voltou a ser uma realidade do Brasil. Estamos vendo o aumento do arroz, do feijão. Carne, ninguém come mais hoje. Por isso, a virada tem que vir das ruas, lutando pelo afastamento imediato de Bolsonaro", afirmou Lindbergh.


Ato no Rio começou em frente ao Monumento Zumbi dos Palmares, no centro da cidade / Stefano Figalo/Brasil de Fato

PEC do Pazuello

Durante o ato, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) comentou a presença de militares no governo Bolsonaro e as ameaças de golpe feitas na semana passada pelo ministro da Defesa, General Braga Netto, que afirmou que não haverá eleição em 2022 se não houver o voto impresso.

"Não nos movimentamos sob ameaça. O Congresso Nacional é um poder da República brasileira e vai derrotar o voto impresso, porque o voto impresso não é o voto que o Brasil quer, a urna eletrônica é auditável. Bolsonaro quer deslegitimar as eleições. Vamos fazer a luta política avançar, ela vai avançar nas ruas, no Congresso. Lugar de militar da ativa é no quartel, é nas tropas, não é no governo", disse Jandira.

A parlamentar garantiu que a Câmara Federal vai aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), conhecida como "PEC do Pazuello", em referência ao ex-ministro da Saúde e militar da ativa Eduardo Pazuello. A PEC, de autoria da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), tem por objetivo impedir militares da ativa em cargos civis no governo.

Artistas

Presente em mais um ato do "Fora Bolsonaro", o ator Paulo Betti estava acompanhado de outros artistas e conversou com o Brasil de Fato sobre a importância da classe artística estar nas ruas para marcar posição contra o governo federal. Segundo ele, a avenida se tornou "o lugar do cortejo, do teatro onde todos se reúnem para expressar suas ideias e mostrar um outro caminho".

"A classe artística tem a compreensão quase unânime de que esse governo é nocivo e maligno para a cultura, no sentido de tentar cercear de forma inimaginável a expressão cultural do país. É um dever nosso nos colocarmos ao lado de indígenas que estão sendo massacrados, ao lado das nossas florestas que estão sendo destruídas, não por descaso, mas por um planejamento que é contrário ao momento que o mundo vive", disse o ator.

O vereador Reimont (PT) disse que a presença nas ruas do Brasil e em cidades de outros países neste sábado (24) é importante porque ela vai contra tudo o que o presidente da República e seus seguidores desprezam.

"Estamos aqui para dizer 'Fora Bolsonaro'. É preciso que compreendamos a importância desse grito que traz consigo o desejo de retomar a democracia, de termos para todos vacina no braço, comida no prato, direito à manifestação e liberdade de imprensa. Tudo o que Bolsonaro e o bolsonarismo nega, nós queremos afirmar. Por isso, é importante estar nas ruas", ressaltou.

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, lembrou que a população está indo às ruas desde maio contra o governo federal por inúmeras pautas e que, diferentemente dos atos de apoio a Bolsonaro, respeita protocolos de segurança para evitar a contaminação com a covid-19.

"A população volta hoje às ruas mais uma vez tomando todos os cuidados necessários, com máscaras, álcool em gel e mantendo distanciamento, porque precisamos derrubar esse governo, não somente pela falta de vacina, pelo auxílio emergencial que não atende à demanda do cidadão e da cidadã em vulnerabilidade social, não somente pela necessidade de empregos, mas também pelas privatizações das empresas públicas, como a Petrobras, que está sendo entregue ao capital financeiro-internacional", disse Bacelar.

Os protestos contra Jair Bolsonaro acontecem ao longo deste sábado (24) em 430 municípios do Brasil e também em 15 países. Além das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, a convocação para os atos é feito por organização de trabalhadores, religiosas e também por torcidas organizadas. O Brasil de Fato acompanha as mobilizações em tempo real.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister