O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) confirmou a ocorrência de transmissão comunitária da variante delta do coronavírus no Rio Grande do Sul. O comunicado, neste sábado (24), destaca que, após a detecção dos primeiros dois casos no município de Gramado (RS) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o aumento de prováveis casos de contaminação por essa linhagem indica que há circulação comunitária.
Segundo estudos preliminares, a variante delta pode ser de 50% a 100% mais transmissível do que as demais cepas do novo coronavírus.
O conceito de transmissão comunitária ou local é definido quando o contágio entre pessoas ocorre no mesmo território, sem histórico de viagem ou sem que seja possível definir a origem da transmissão. Ou seja, não é possível identificar de quem se contraiu a covid-19.
::Ausência para a segunda dose preocupa e reforço é essencial contra variante delta::
A diretora do Cevs, Cynthia Molina Bastos, ressalta que “a vacina protege contra essa variante, especialmente após a segunda dose no caso dos imunizantes que precisam de reforço, mas a vacinação não impede que a pessoa se contamine e siga transmitindo o vírus. Por isso, é preciso manter todos os cuidados de proteção contra a covid-19 independentemente de ter tomado a vacina, principalmente quem tem qualquer fator de risco para complicações da doença”.
A Vigilância Sanitária informa que, até o momento, foram confirmados três residentes do estado com a variante delta. Os dois primeiros de Gramado, que têm vínculo e contraíram a covid-19 no município, e um em Nova Bassano, que contraiu a doença em viagem ao Rio de Janeiro.
Além deles, o RS registra outros 11 casos suspeitos: cinco com amostras em análise na Fiocruz (mais um de Gramado, também contactante do primeiro caso confirmado, dois de Sapucaia do Sul, um de Esteio e um de Canoas), e seis amostras que deverão ser enviadas ao laboratório carioca na segunda-feira (26/7), de residentes de Alvorada, Passo Fundo, Esteio, São José dos Ausentes, mais um de Sapucaia do Sul e um Santana do Livramento.
O Cevs realiza, pelo Laboratório Central do Estado (Lacen/RS) e pelo Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CDCT), testes preliminares para a identificação desses casos suspeitos, incluindo sequenciamento parcial. As análises determinam se a amostra é uma provável variante de preocupação a partir da identificação de mutações específicas que são diferentes entre os tipos de vírus.
::Pandemia: Fiocruz alerta para maior risco de reinfecção por variante Delta::
Ao serem enviadas para a Fiocruz, as amostras passam por um sequenciamento genômico completo, que fornece detalhes do perfil de mutações e classifica com precisão a linhagem de cada amostra.
A variante delta
A delta é uma das chamadas “variantes de preocupação” (VOC, variants of concern na sigla em inglês), pois são variações que trazem alguma mudança no comportamento do vírus. A característica mais marcante da delta, já comprovada cientificamente, é a maior transmissibilidade.
Situação que preocupa, já que pode reverter a tendência de decrescimento de contaminações, internações o óbitos que o estado tem registrado no mês de julho, por conta do avanço da primeira dose da vacinação.
Na sexta-feira (23), o Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) comunicaram que a variante delta do novo coronavírus se tornou dominante em toda a Europa. Com base na tendência epidemiológica atual, a delta será “globalmente dominante e continuará a se espalhar” nos próximos meses, “a menos que surja um novo vírus mais competitivo”, informaram as autoridades sanitárias.
Quanto a gravidade, ainda não há evidências de que provoque uma doença mais ou menos agressiva em relação às outras linhagens.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira