Nesta quarta-feira (28), Hugo Rafael Chávez Frías completaria 67 anos, se estivesse vivo. Natural de Sabaneta, município no interior do estado Barinas, Chávez despertou para a política ainda como tenente-coronel do exército bolivariano. Depois de tentar tomar o poder em armas, em 1992, Chávez percebeu que para levantar um governo dos pobres era necessário convencer o povo venezuelano.
Depois de percorrer o país, entre 1995 e 1998, finalmente foi eleito presidente da Venezuela com a promessa de convocar uma Assembleia Constituinte “para refundar a República”, algo que cumpriu em 1999.
“Para a minha geração Chávez foi como um milagre histórico”, afirma o ex-vice-presidente Elias Jaua.
Com a nova Carta Magna, iniciou o processo da Revolução Bolivariana baseado no que Chávez concebeu como a árvore das três raízes, a união entre o pensamento de Simón Bolívar, o Libertador da América Latina; Simón Rodríguez, professor de Bolívar; e Ezequiel Zamora, outro líder da independência venezuelana.
A chamada V República buscou atender necessidades históricas da sociedade venezuelana, através de programas sociais batizados como Grandes Missões. Através da Missão Robinson erradicou o analfabetismo e aumentou o acesso às universidades públicas, tornando a Venezuela o primeiro país da região em matrículas no ensino superior.
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Com a grande missão vivenda, até o momento, já foram entregues 3,6 milhões de casas aos venezuelanos. E com a missão Bairro Adentro foram instalados postos de saúde e hospitais nas regiões periféricas do país.
“Durante muito tempo se deu muita importância à cultura. Quem não leu nesse período, foi porque não quis. Os livros custavam quase nada. Eu nunca tinha visto tantas pessoas nas Feiras do Livro”, relembra a cantora venezuelana Cecília Todd.
Apesar de seu histórico militar gerar receio dentro da esquerda latino-americana, Chávez foi um homem adorado pelo povo. Ao falecer, em 5 de março de 2013, depois de sofrer dois anos de câncer, uma multidão de cerca de 6 milhões de pessoas se mobilizaram de distintas partes do país para despedir-se.
Seu funeral foi considerado um dos maiores da história e seu corpo foi velado durante dez dias no coração de Caracas, na favela 23 de janeiro, onde hoje repousam seus restos mortais e onde foi construído um santuário em seu nome.
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“O amor. Chávez é o amor. Ele é como a razão das coisas. Chávez nos deu muita esperança. Você saber que é possível ter um país como deveria ser, como você quer que seja, ainda que custe muito trabalho. Essa certeza foi Chávez quem nos deu. E isso eu levo no coração. Isso é amor”, conta a escritora e deputada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv), Carola Chávez.
“Chávez nos convenceu não em cima de uma palavra solta, uma ideia ou um carisma. Ele sempre trazia cinco linhas, porque sempre usava o número cinco: cinco linhas estratégicas, cinco polos, cinco grandes objetivos históricos, que foi o último programa da Pátria”, destaca Elias Jaua.
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Além de ser um homem dedicado ao trabalho, que dormia pouco, podia se atrasar para os compromissos e convocar reuniões de última hora, o eterno comandante da Revolução Bolivariana é lembrado na Venezuela e em toda América Latina por sua eloquência.
“É que uma das características suas mais chamativas era sua espontaneidade, sua simplicidade e humildade. Nós sabemos de onde ele vem. E nunca deixou de ser assim. Nunca abandonou seus costumes, sua terra. E para mim isso é extremamente admirável, além de várias outras qualidades”, aponta a cantora Cecília Todd.
O desafio hoje
Depois de oito anos sem a presença física de Chávez, o desafio é manter vivo seu legado.
“Acredito que o maior desafio é com a juventude, porque esse país é muito jovem. E os jovens de 20 anos quase não lembram dele, porque eram crianças quando vivemos o momento mais efervescente do chavismo”, comenta Carola Chávez, que escreveu um livro sobre sua trajetória e uma série de crônicas da última campanha eleitoral do ex-presidente.
“Para voltar a Chávez simplesmente devemos revisar a história da Revolução Bolivariana, que em grande medida foi escrita por ele. Não temos que copiar nada. Não precisamos de modelos. Nosso modelo foi exitoso e se nos apegarmos a seus fundamentos programáticos e adaptarmos a essa realidade complexa que vivemos hoje, poderemos vislumbrar o horizonte”, conclui Elias Jaua.
Edição: Arturo Hartmann