O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou em sua conta no Twitter sobre a prisão do entregador de aplicativo Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido Galo, e sua esposa Géssica nesta quarta-feira (28). "É de se impressionar a rapidez com que o Estado manda prender alguém por queimar uma estátua, mas até hoje não conseguiu descobrir quem lançou uma bomba no Instituto Lula, quem atirou contra o ônibus da caravana e quem mandou matar Marielle Franco", disse.
O Polícia Civil de São Paulo investiga os supostos envolvidos no fogo ateado em volta da estátua de Borba Gato, no último sábado (24), na zona sul de São Paulo.
Leia mais: Galo comparece à polícia para explicar os motivos do incêndio da estátua de Borba Gato
O coletivo “Revolução Periférica” já assumiu a autoria do ato, que não causou qualquer dano estrutural ao monumento, feito de concreto e revestido de cerâmica. Galo assumiu ser um dos autores do protesto. Já Géssica sequer estava presente no local na hora do incidente. Eles têm uma filha de 3 anos. A juíza substituta Gabriela Marques da Silva Bertoli é quem assina os mandados de prisão.
A ato do último sábado na estátua de Borba Gato faz parte de uma série de ações que defendem a derrubada de monumentos que exaltam personagens da escravização de povos afrodescendentes e indígenas. No caso de Manuel de Borba Gato, ele fez fortuna, na segunda metade do século 17, ao caçar indígenas pelo sertões do país para escravizá-los.
::O que significa retirar estátuas de escravocratas do espaço público?::
É de se impressionar a rapidez com que o Estado manda prender alguém por queimar uma estátua, mas até hoje não conseguiu descobrir quem lançou uma bomba no Instituto Lula, quem atirou contra o ônibus da caravana e quem mandou matar Marielle Franco.
— Lula (@LulaOficial) July 28, 2021
Por meio de Twitter, Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), também manifestou sua indignação com a notícia:
ABSURDO! Recebi agora a informação de que foram expedidos mandados de prisão do Paulo Galo, entregador antifascista, e de sua companheira Jessica por conta do ato na infame estátua do Borba Gato. Inaceitável!
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) July 28, 2021
Também pelas redes sociais, a vereadora Luana Alves (PSOL-SP) levantou a questão do machismo envolvendo a prisão da esposa do manifestante:
A prisão de Gessica, esposa de Paulo Galo, é um exemplo de racismo E machismo. Gessica não estava na ação contra a estátua de Borba gato, não tem nada que a ligue ao fato. É uma mãe de criança pequena, trabalhadora, endereço fixo.
— Luana Alves (@luanapsol) July 28, 2021
É simplesmente perseguição.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) mostrou a ironia que é ter uma homenagem a uma pessoa como Borba Gato. "Basta de perseguição política. A estátua de Borba Gato deveria estar num museu como o do Holocausto, para lembrar que escravocratas, genocidas e estupradores não devem ser homenageados", afirmou.
URGENTE! Liberdade Já para Paulo Galo @galodeluta e sua esposa Géssica. Basta de perseguição política.
— Ivan Valente (@IvanValente) July 28, 2021
A estátua de Borba Gato deveria estar num museu como o do Holocausto, para lembrar que escravocratas, genocidas e estupradores não devem ser homenageados.
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) gravou um vídeo em apoio ao entregador e a sua esposa. "Tudo isso porque ele está lutando. Lutando contra uma estátua que nem deveria estar em praça pública. Um sujeito que cometeu todo o tipo de atrocidade. E agora eles querem decretar que lutar é crime", disse.
#LiberdadeParaGaloeGessica#LiberdadeParaBiu pic.twitter.com/RDVBW0lMM4
— Glauber Braga (@Glauber_Braga) July 28, 2021
Edição: Rebeca Cavalcante