Precisamos falar sobre amor. Sem amor a gente não existe, sem arte também não
Para o poeta Maurício Simionato, que recentemente lançou o livro “O Arado de Odara, uma Distopia Tropical”, escrever é uma forma de resistência política. A última obra do autor reúne 92 poemas que discutem o Brasil dos tempos atuais, em especial a dor coletiva da pandemia, a onda de negacionismo, as fakenews, a intolerância, o aumento da pobreza e a crise política que toma conta o país.
“Acho que escrever poesia é persistir na existência. Apesar de tudo, eu vou continuar escrevendo poesia e fazendo arte. É um meio de mostrar que a gente continua resistindo. É uma forma de resistência”, disse em entrevista a edição de hoje (29) do Programa Bem Viver. “Eu testei a potência da escrita poética diante desse quadro de negacionismo e de genocídio. Não foi intensão de fazer manifesto, mas acabou se transformando em um, porque os poemas têm características que se encaixam. Há um protesto ali, uma tentativa de se revolucionar.”
Na opinião do escritor, momentos de desordem social e política, são extremamente duros para a sociedade e exigem que as pessoas estejam presentes em debates e reflexão para superar a crise e uma das formas de fazer isso é por meio da arte.
“O artista é chamado a se manifestar no momento que a gente vive. Quem quer se manter neutro esta apoiando a ultradireita e o neofacismo, que sta tentando destruir tudo o que foi feito no país. Tem pessoas morando na rua, passando fome, mais de 500 mil mortes por falta de vacina… Como vamos vai ficar neutros em uma situação dessa?”, questionou.
Para ele, é possível aproximar atos do cotidiano com a luta contra a crise social e política que o país enfrenta. É, segundo o escritor, um “trabalho de formiguinha”, feito aos poucos, devagar e com muita persistência.
“Fazer poesia é rechaçar o medo. Minha poesia tem o objetivo de trazer o sonho, a esperança. Fiz questão de não deixar o amor de lado. Precisamos falar sobre amor. Sem amor a gente não existe, sem arte também não”, pontou. “Eu falo de amor no sentido humanitário, de ser solidário, de ajudar o próximo. Vamos amar a revelia.”
Enem tem menor número de inscritos
A edição de 2021 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem o menor número de inscritos em 13 anos. São pouco mais de 4 milhões de inscrições, número que chega a ser a metade da edição de 2014, quando 8 milhões de jovens participaram do Exame, maior registro de inscritos na prova. O Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior, tanto nas universidades públicas como nas privadas, por meio de bolsas de estudo.
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A vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Júlia Aguiar, que assumiu o cargo na semana passada, pontuou que a redução de financiamento para o ensino público, iniciada em 2016, influência na desistência dos alunos em participar do exame. Ela lembrou que a pandemia também trouxe uma série de impactos para a educação.
Júlia reforçou que o governo federal não atuou de maneira efetiva para minimizar os efeitos negativos da Covid-19 nos estudantes: não houve um plano de retomada segura das aulas, não foi pensada uma estrutura para manter as aulas de forma remota e faltou diálogo com entidades estudantis para discutir o adiamento do Enem 2020.
Resistência
O militante Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Galo, foi ontem (28) prestar depoimento na delegacia de polícia em São Paulo para se defender de um pedido de prisão temporária pelo incêndio a estátua do bandeirante Borba Gato, no bairro de Santo Amaro. O protesto ocorreu no último sábado (24), durante os atos contra o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Manifestantes colocaram dezenas de pneus em volta da estátua do bandeirante Borba Gato e puseram fogo no material. A imagem impressionou: era como se o monumento estivesse incendiado, com uma fumaça preta densa que podia ser vista a quilômetros de distância do local.
Galo foi preso temporariamente e deve permanecer detido por cinco dias, prazo que pode ser ampliado por mais cinco dias. Além dele, a esposa, que não participou do ato, também foi presa.
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Ele já era um personagem nacional desde julho do ano passado, quando ele protagonizou os atos dos entregadores por aplicativo contra empresas como Ifood e Uber. Galo integra o movimento entregadores anti-fascistas, grupo referência na luta por direitos trabalhistas dessa categoria.
Derrubar ou atear fogo em estátuas que homenageiam figuras contraditórias da História é um ato de protesto que vem sendo praticado em dezenas de países. Normalmente são nomes vinculadas ao período escravagista. Borba Gato, por exemplo, é conhecido por ter feito fortuna, na segunda metade do século 18, ao caçar indígenas pelos sertões do país para escravizar essa população.
A nova Transamazônica
A possível reconstrução da BR-319, considerada a Nova Transamazônica, rodovia emblemática do período da ditadura civil militar, volta a ganhar fôlego no governo Bolsonaro, para atender aos interesses do agronegócio. Ela começou a ser construída na década de 1970 para ligar Manaus a Porto Velho, em um trecho de quase mil quilômetros que corta a Floresta Amazônica.
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Sem qualquer etapa regulamentar do processo de licenciamento ambiental, o governo já está transportando maquinários para a rodovia. Sua construção afeta diretamente 11 Terras Indígenas.
A BR-319, assim como a transamazônica, nunca foi devidamente finalizada, mas ajudou a acelerar o desmatamento da floresta. Ela foi concluída, mas mais da metade da rodovia nunca recebeu asfalto.
Maxixe
Além de ser um alimento extremamente versátil, o maxixe é rico em proteína, cálcio e vitamina C, servindo como um importante item no plano alimentar de atletas de alta intensidade. Típico da região nordeste, o alimento que faz parte do grupo das hortaliças e é caracterizado por ser redondo possuir pequenos espinhos por fora.
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As opções de receita são bem variadas: o maxixe é usado no preparo de moquecas, é consumido cru em saladas e até suas folhas podem ser preparadas como um refogado. No Nordeste, uma das receitas mais tradicionais é a maxixada. Conheça mais sobre ela na edição de hoje do Programa Bem Viver.
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Edição: Sarah Fernandes