Fazendo história, a ginasta de 22 anos, Rebeca Andrade, agora é a primeira brasileira a conquistar uma medalha na ginástica artística dos Jogos Olímpicos. Ao som de “Baile de Favela”, Andrade atingiu 57, 298 pontos com a sua apresentação solo nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão. Ela ficou atrás somente da estadunidense Sunisa Lee, que somou 57,433 pontos, e na frente da russa Angelina Melnikova, com 57,199 pontos.
Antes de Andrade, Daniele Hypolito foi a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha em campeonatos mundiais, uma prata no solo de 2001. Já Daiane dos Santos foi a primeira campeã mundial, ainda em 2003.
Soma aos desafios de Rebeca ainda o fato de a jovem ter passado por três cirurgias no joelho direito, entre 2017 e 2019, o que a deixou afastada dos treinos por bastante tempo.
No próximo domingo (1º) e na segunda (2), Andrade ainda tem chances de conquistar outras medalhas, quando serão realizadas mais apresentações, de salto e solo, respectivamente.
"Essa medalha não é só minha"
Após a premiação, Andrade afirmou que mesmo que não tivesse ganhado a medalha de prata, já teria feito história por chegar onde está “justamente pelo processo”. “Essa medalha não é só minha, é de todo mundo. Todos sabem da minha trajetória, o que eu passei. Se eu não tivesse cada pessoa dessa na minha vida, isso aqui não teria acontecido. Tenho certeza disso. Sou muito grata a todo mundo mesmo. Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui”, afirmou a medalhista.
De um bairro pobre de Guarulhos, Vila Bonifácio, Rebeca Andrade levou o funk para os tablados de Tóquio. Ao finalizar a apresentação, a ginasta afirmou que levar “a cultura funk para o outro lado do mundo foi incrível”.
Representatividade
Ao comentar a vitória de Andrade, Daiane dos Santos se emocionou. “Durante muito tempo, as pessoas disseram que as pessoas negras não poderiam fazer alguns esportes, e a gente vê hoje a primeira medalha para uma menina negra. Tem uma representatividade muito grande por trás de tudo isso. É uma menina que veio de uma origem muito humilde, foi criada por uma mãe solo, como a Dona Rosa, aguentou tudo que ela aguentou, todas as lesões, e está aí hoje para ser a segunda melhor atleta do mundo”, afirmou Santos.
Edição: Vivian Virissimo