Apesar de algumas categorias terem sido incluídas entre os serviços essenciais da pandemia e não terem parado as atividades em nenhum momento, a mesma prioridade não foi garantida no momento da tabela de vacinação.
Entre essas categorias, estão os trabalhadores de supermercado. Segundo pesquisas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o grupo, que convive diariamente com muitos clientes, tem um risco de 53% de ser infectado pelo vírus. A categoria se sente invisibilizada, mesmo não tendo parado durante a pandemia.
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“Foi essencial para trabalhar mais, para se dispor para a população. Na hora de se beneficiar com a vacina, nem falaram, nem comentaram sobre a gente, né? Não teve nenhum tipo de comoção, nada. Até hoje, como não chegou ainda a minha idade, eu estou esperando, né? E estou indo trabalhar todos os dias sem parar”, afirma Danielle Santana, operadora de caixa.
Outra categoria que faz parte do rol de serviços essenciais é a dos atendentes de telemarketing. Apesar do atendimento ao cliente ser por telefone, o trabalho é, em grande parte, presencial. “Não se fala sobre vacinação e ainda mais sobre colocar a gente no prioritário dos trabalhadores essenciais para receber vacina, cada um vai receber no seu tempo. Não importa o essencial que você foi essa pandemia toda, agora você se vire e aguarde o seu momento chegar pela idade. É mais ou menos o que acontece”, questiona o atendente João Felipe Cardeal.
Além de correrem alto risco para contaminação, esses profissionais podem ser vetores da doença. “Apesar de termos políticas em alguns estados que se diferenciam de outros, a gente viu setores importantes que até o momento não se vacinaram, ainda não foi aberto para esses setores e são pessoas que lidam diariamente com as pessoas", disse Aristóteles Cardona, médico de saúde da família e integrante da Rede de Médicas e Médicos Populares, que também avalia isso como uma problemática da elaboração do plano.
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O médico analisa que "não é somente por elas. Vale destacar que isso não é somente pela pessoa que recebe a vacina como proteção individual, mas se uma pessoa está em contato com várias pessoas num mesmo dia, em um serviço considerado como essencial, ela serve como vetor, ela serve como pessoa que está espalhando o vírus para outras pessoas”. “Então, não tenhamos dúvida de que, no final das contas, a ausência de uma coordenação, de um comitê científico, com certeza abriu brecha para todos esses problemas e esse é um deles”, conclui.
Além disso, muitos clientes não adotam os protocolos sanitários e colocam em risco a vida desses profissionais. “Já teve várias confusões lá por colocar a máscara para baixo, deixar o nariz à mostra e até mesmo tentar entrar sem a máscara”, lamenta Danielle. Entidades de classe nacionais e estaduais têm pleiteado a inclusão dessas categorias desde a elaboração do plano de vacinação. No entanto, até o momento, muitos trabalhadores de serviços considerados essenciais, como Danielle e João Felipe, continuam vulneráveis, trabalhando, e esperando a vez na vacinação por idade.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Rebeca Cavalcante e Monyse Ravena