O Instituto Butantan enviou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um pedido para ampliar a faixa etária de indicação da CoronaVac, incluindo crianças e adolescentes de três a 17 anos. Até o momento, apenas pessoas com 18 anos ou mais podem receber o imunizante do Butantan.
Para conseguir a ampliação, o Instituto precisa ter estudos que comprovem a segurança e a eficácia da vacina na faixa etária determinada. Até agora, apenas a Pfizer está autorizada a imunizar menores de 18 anos, a partir dos 12 anos de idade.
Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a população entre 12 e 17 anos começará a ser imunizada depois que toda população adulta de cada estado tomar pelo menos uma dose de vacina.
Alguns municípios, como Campo Grande (MS), Niterói (RJ) e São Luís (MA) já começaram a vacinar adolescentes. O município de São Paulo deve iniciar a imunização em 18 de agosto.
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Brasil recebe mais doses
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entregou, nesta sexta-feira (30), mais 2,2 milhões de doses da vacina produzida em parceria com o laboratório britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.
Com isso, a Fiocruz completa a entrega de 80,4 milhões de doses, sendo que 76,4 milhões foram produzidas pela Fiocruz com insumo importado e 4 milhões foram importadas prontas do Instituto Serum, da Índia.
A Fiocruz também está fabricando o primeiro dos dois lotes de pré-validação do imunizante com ingrediente farmacêutico ativo (IFA) produzido totalmente no Brasil.
Neste momento, o processo está em fase de expansão, ou seja, quando as células ainda estão em fase de multiplicação para depois serem infectadas pelo vírus.
O objetivo é começar a distribuir a vacina produzida integralmente no país a partir do último trimestre ainda deste ano. Para isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também precisa autorizar a alteração do local de fabricação, cuja solicitação ainda será enviada pela Fiocruz.
A farmacêutica estadunidense Pfizer também entregou 1.895.400 doses de vacina ao Brasil nesta quinta-feira (29). A quantidade faz parte das 13 milhões de doses do imunizante previstas para ser entregues até 1º de agosto (domingo).
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Até agora, foram entregues 30 lotes, somando 25 milhões das 200 milhões de doses contratadas pelo Ministério da Saúde. A expectativa é entregar o total do quantitativo até o final deste ano.
O Instituto Butantan, que produz a CoronaVac em parceria com o laboratório chinês Sinovac, também entregou mais 1,2 milhão de doses. Com isso, a instituição paulista já entregou ao governo federal 62,849 milhões de doses desde o dia 17 de janeiro deste ano.
Novo estudo sobre a eficácia da CoronaVac
Um estudo liderado pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Fiocruz, com acompanhamento da Organização Pan-Americana de Saúde, mostrou que a CoronaVac garante uma eficácia de 71,4% contra mortes por covid-19 entre a população com idade média de 76 anos. Contra casos sintomáticos da doença, o imunizante apresentou uma proteção de 41,6% após 14 dias da aplicação da segunda dose. Contra hospitalização, a taxa foi de 59%.
A pesquisa, que foi citada, nesta semana, como uma referência pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante um levantamento, foi realizada com 15,9 mil pessoas com pelo menos 70 anos de idade no estado de São Paulo.
O estudo também reforça a necessidade da segunda dose. Apenas com a primeira, há uma proteção de apenas 10,5% contra casos sintomáticos, 18% contra hospitalização e 31,6% contra mortes.
O levantamento da OMS mostrou que as vacinas da AstraZeneca, Pfizer e Moderna têm uma taxa de eficácia geral acima de 90%. Lembrando que imunizantes utilizados em outras campanhas contra outras doenças, como tuberculose e gripe, têm uma proteção média entre 60% e 70%.
Ao UOL, Gustavo Cabral, imunologista e pesquisador da USP, afirmou que “a eficácia da vacina contra a gripe é menor do que a da CoronaVac e a gente nunca precisa ficar explicando isso, porque já controlamos essa epidemia. O que a gente objetiva com a CoronaVac e os outros imunizantes contra a covid-19 é ter justamente algo como a gripe. E para ter esse controle da doença, só com vacinação em massa”.
Vacinas e a variante delta
O que mais preocupa no cenário brasileiro é a disseminação da variante Delta, identificada primeiramente na Índia. Um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos mostrou que a transmissão da nova variante pode se dar de maneira mais perigosa do que a catapora. No Brasil, já foram registrados pelo menos 247 casos e quatro mortes pela variante delta, segundo dados do Ministério da Saúde de quinta-feira (29).
Sem um controle das medidas de segurança, como isolamento social, o vírus consegue circular mais entre a população e têm, assim, maior capacidade para gerar mutações. Com o ritmo da vacinação aquém do desejado, há a possibilidade de surgir variantes resistentes às vacinas aplicadas.
A vacina da AstraZeneca tem uma eficácia geral de 60% contra a nova variante, após 15 dias da aplicação da segunda dose. O imunizante da Pfizer, 88% nas mesmas condições. Já os fabricantes da CoronaVac e da Janssen ainda não têm informações suficientes para gerar dados que comprovem a eficácia contra a variante.
Vacinação e pandemia no Brasil
O Brasil registrou 963 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, entre quinta-feira (29) e sexta-feira (30), totalizando 555.460 vítimas fatais da doença no Brasil desde o início da pandemia. Os dados são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Em relação ao número de casos, foram 40.904 novos casos confirmados no mesmo período, somando 19.880.273 de infectados desde março de 2020. A média móvel, calculada com base nos últimos sete dias, de óbitos está em 1.017, já a de casos em 35.404.
Já em relação ao quadro de vacinação, apenas cerca de 20% da população completou o esquema vacinal, ou seja, já tomou as duas doses necessárias contra a covid-19, ou uma dose, em caso da vacina Janssen. Isso significa que 41.012.243 pessoas completaram o esquema, exatamente 19,37% da população, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa desta sexta-feira (30).
A primeira dose foi aplicada em 100.082.100 pessoas, o que representa 47,26% da população.
Edição: Douglas Matos