As obras podem retratar momentos históricos, mas elas ainda fazem sentido? Quem elas atacam?
Que história e que valores os monumentos da cidade de São Paulo contam para as próximas gerações? Para o Instituto Polis, a cidade prioriza uma narrativa branca, colonialista e masculina da história do país, segundo um estudo conduzido pela instituição, que analisou e comparou monumentos de vias públicas de São Paulo, levando em conta os personagens que homenageiam, o tamanho das obras e até os materiais utilizados em sua construção.
“Colocar um monumento em um espaço público significa contar uma história e relembrar valores que a cidade acha importante levar a diante e continuar mantendo. As obras podem retratar momentos históricos importantes, mas precisamos nos perguntar se elas ainda fazem sentido. Quem elas atacam? Quem privilegiam?”, disse a responsável pelo estudo, Cássia Caneco, em entrevista a edição de hoje (3) do Programa Bem Viver.
O debate ganhou força no último fim de semana, após a estátua do bandeirante Borba Gato, instalada no bairro de Santo Amaro, na capital paulista, ter sido incendiada em um protesto. O ativista Paulo Galo assumiu a autoria do ato e está preso desde quarta-feira. A esposa dele, Géssica Barbosa, que não participou do ato, também chegou a ser presa, mas foi liberada após pressão de movimentos populares.
Cinco covereadoras que integram o mandato coletivo do PSOL na Câmara dos Vereadores de São Paulo apresentaram, no final da semana passada, uma proposta de plebiscito municipal sobre a retirada da estátua, que integra um conjunto de outras homenagens a personagens controversos da história brasileira.
O levantamento do Instituto Polis identificou, em novembro de 2020, 200 monumentos de formas humanas em São Paulo. Deles, 137 homenageavam homens brancos e só uma de uma mulher negra. Pelo menos 15 monumentos retratam personagens controversos e apenas cinco homenageiam pessoas pretas.
“Chamou a atenção a proporção dessas figuras. A estátua do Borba Gato tem 13 metros de altura. Se juntarmos todas as estátuas que homenageiam pessoas negras ou indígenas não chegamos a essa proporção”, afirmou. “Isso mostra de quem é o espaço público e quem pode ocupá-lo”
CPI da Covid-19
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado volta a se reunir presencialmente a partir desta terça-feira (3). O primeiro depoente a comparecer será o revendedor Amilton Gomes de Paula, do sócio da empresa Precisa Medicamentos, apontada como intermediadora do governo federal para negociar a compra de vacinas com empresas atravessadoras.
Os senadores investigam a suspeita de um pedido de propina na compra de 400 milhões de doses da vacina da farmacêutica Astrazeneca, por meio de uma segunda atravessadora, chamada Davati. Há ainda indícios que o governo federal indicou um empresário, que não faz parte do Ministério da Saúde, para negociar com uma empresa intermediária.
Ainda no ano passado, a Astrazeneca declarou que não negocia com intermediadores, só diretamente com governos. Tanto que em junho do ano passado, a farmacêutica fechou uma parceria com o Brasil para desenvolver a vacina por meio da Fiocruz.
O Programa Bem Viver atualiza a história e explica o cenário para o retorno dos trabalhos presenciais da CPI.
Armazém do campo
O Armazém do Campo, estabelecimento inaugurado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), completa cinco anos de existência, levando a produção agroecológica de assentamentos e acampamentos da reforma agrária para os centros urbanos, a um passo das pessoas que não podem comprar direto dos produtores.
Hoje já são 28 lojas distribuídas em 13 estados do país. A mais antiga é a sede de São Paulo, criada em 2016. Nesses cinco anos de História, além de ofertar uma variedade de alimentos saudáveis pra população paulistana, o Armazém foi palco de diversos eventos importantes. Antes da pandemia, era um tradicional ponto de encontro dos movimentos populares e de eventos culturais, reunindo rodas de samba, autores de livros e voluntários para ações de solidariedade.
Esse último ponto se fortaleceu com a pandemia, em diversas unidades do Armazém do Campo. Os estabelecimentos viraram cozinhas para produção de marmitas e pontos de encontro para organizar a distribuição de cestas básicas. Os coordenadores da loja de São Paulo afirmam que o objetivo é chegar a 5 mil marmitas doadas só nos próximos dias, em um grande esforço de solidariedade.
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Edição: Sarah Fernandes