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Programa Bem Viver: ‘Minha arte é política. O teatro me salvou’, diz Silvero Pereira

Para o ator, eternizado como o Lunga, de Bacurau, o teatro é um caminho para transformações políticas

Ouça o áudio:

Depois de famoso por "Lunga", personagem de Bacurau (2019), Silveiro Pereira se prepara para interpretar o estilista Clodovil e estrear nova comédia na Netflix. - Arquivo Pessoal
A força de Bacurau não é do Lunga, mas daquela comunidade

O ator e diretor Silvero Pereira, eternizado nos cinemas pela interpretação do personagem Lunga no filme Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, considera que sua arte tem um forte teor político e que o teatro pode ser cada, cada vez mais, ser um motor de transformações sociais. Ele participou do BdF Entrevista, em conversa repercutida na edição de hoje (4) do Programa Bem Viver.

“Eu acredito que a arte pode ter diversos aspectos: pode ser de entretenimento, empresarial, mas eu optei pela arte política e social. Eu nunca conseguir dissociar uma coisa da outra porque a arte me transformou. O teatro me salvou, me deu a força a coragem que eu tenho hoje, me deu a possibilidade de trabalhar. Acredito que o teatro possa fazer transformações sociais e eu segui o caminho por esse lado”, disse.

Foi defendendo o viés político das artes cênicas que Silvério fundou, em 2008, em Fortaleza, a companhia de teatro As Transvestidas, com o objetivo de dar espaço e representatividade para artistas trans e travestis.

Militante LQBTQIA+, ficou conhecido na TV após representar a transformista Elis Miranda na novela global A Força do Querer, levando o debate sobre identidade de gênero para o grande público.

Seguindo seu perfil político e seu histórico no cinema, Silvero falou sobre o papel do coletivo frente a crise política que o Brasil "A força de Bacurau não é do Lunga, mas daquela comunidade. O grande recado do filme é a nossa força. A nossa força é fazer a diferença nas eleições, na hora de digitar os números certos e fazer uma grande mudança", pontuou o ator, que encontrou o teatro em Fortaleza, depois de deixar o interior do Ceará para estudar.

Agora, ele se prepara para viver o estilista, apresentador de TV e deputado federal Clodovil Fernandes, mais conhecido como Clô, uma figura considerada controversa na comunidade LGBTQIA+.

“O Clô da política, da publicidade e da TV nós conhecemos, mas quem é o Clô na intimidade? Quais eram seus afetos e não afetos que fizeram dele alguém tão agressivo em alguns comentários?”, questionou. “É preciso entender o tempo. Foi difícil para os meus pais entenderem minha sexualidade. Eles estudaram pouco e vieram de uma sociedade muito conservadora. Compreendi que talvez eu fosse o momento de desconstrução deles. Consegui modificar essa estrutura na minha casa.”

PL da Grilagem

Ontem (3) a Câmara dos Deputados aprovou o chamado PL da Grilagem, como é conhecido o projeto de lei 2.633/2020. Ambientalistas consideram que o projeto é um dos maiores retrocessos da legislação ambiental do país. O texto segue agora para o Senado.

Na prática, o PL abre caminho para a regularização de áreas públicas invadidas por criminosos e facilita a legalização de invasões onde há comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.

Um estudo do Instituto Socioambiental (ISA) estima que o PL, defendido pela bancada ruralista, tem o potencial de anistiar invasores de até 65 milhões de hectares de terras da União. A grilagem, segundo a entidade, aumentou 274% entre 2018 e 2020 no Brasil.

A proposta prevê que grileiros possam regularizar territórios invadidos, mesmo onde houver presença de comunidades tradicionais. Atualmente, a quando um imóvel rural está em processo de regularização fundiária, órgãos ambientais podem manifestar interesse sobre a área, se lá estiverem indígenas, quilombolas ou unidades de conservação. Caso aprovado, o texto vai restringir a atuação desses órgãos, exigindo a apresentação de estudo técnico, no prazo de seis meses, que comprove um possível impacto socioambiental.

A organização não governamental Geenpeace, por exemplo, soltou nota pública logo após a votação destacando que a versão aprovada pelo plenário não foi oficialmente apresentada à sociedade antes da votação. A entidade reforçou que “ao aprovar a legalização do roubo de terras públicas, [o presidente da Câmara, Arthur] Lira [PP-AL] e demais aliados de Bolsonaro no Congresso mostram que estão ao lado do crime e da devastação ambiental.”

Plano Safra

O Programa Bem Viver vai para o campo ouvir o relato dos pequenos produtores sobre o Plano Safra 2021/2022. A proposta apresentada pelo governo em junho deste ano foi considerada insuficientes e fora da realidade pelos agricultores familiares.

O Plano Safra é uma política pública criada em 2003 para dar apoio à produção rural brasileira. O objetivo da medida é ajudar tanto os grandes como os pequenos, mas ela sofrido sucessivos cortes durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Uma das principais críticas é que o teto do crédito concedido aos pequenos produtores é muito baixo, o que acaba aumentando o custo de produção, porque o agricultor tem dificuldade de garantir todos os insumos e equipamentos para plantar. Como os pequenos agricultores são os responsáveis pela produção de 70% dos alimentos consumidos pela população, as mudanças no Plano Safra podem afetar também o preço dos alimentos e o bolso dos consumidores.

Vamos de sopa?

Que tal uma deliciosa e nutritiva sopa para esquentar nos dias frios? Além do conforto térmico e afetivo, as sopas podem ser excelente alternativa para consumir nutrientes fundamentais para o corpo, garantindo inclusive uma mistura de ingredientes muito saudáveis.


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Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS) e Rádio Cantareira (SP).

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Edição: Sarah Fernandes