Neste sábado (7), a Frente Ampla em Defesa da Cinemateca convoca atos nacionais para denunciar a falta de financiamento público para a instituição. Os protestos foram motivados pelo incêndio de um dos galpões da Cinemateca, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista (SP), no dia 29 de julho.
Por falta de servidores públicos e recursos para manutenção da instituição, boa parte do maior acervo de imagens em movimento da América do Sul foi perdido, incluindo a biblioteca de Glauber Rocha, grande parte do acervo da Embrafilme e de Paulo Emílio Salles Gomes.
Além da manifestação em frente à sede principal da Cinemateca, na Vila Clementino, São Paulo, o movimento S.O.S Cinemateca também faz convocatórias em outros estados brasileiros. No Rio de Janeiro (RJ), o protesto será em frente ao Museu de Arte Moderna (MAM). Em Curitiba (PR), o encontro será em frente à Cinemateca; em Porto Alegre (RS), o ato ocorre em frente à Cinemateca Capitólio; em Brasília (DF), os manifestantes se reunirão no Palácio do Planalto. Todos os atos começam às 14h (horário de Brasília).
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A lista de reivindicações inclui a renúncia do secretário especial de Cultura, Mario Frias; e a implementação imediata de um Plano de Trabalho Emergencial, com contratação de funcionários e reabertura da instituição, que permanece fechada desde agosto de 2020.
Também exigem um novo edital para a administração da Cinemateca. Depois de um ano de atraso, a Secretaria Especial de Cultura publicou um chamamento público um dia após o incêndio, contratando uma Organização Social (OS), que poderá ficar com 40% do orçamento anual para a instituição. Do total de R$ 10 milhões -- considerado pela Frente Ampla um valor insuficiente par administrar a Cinemateca -- cerca de R$ 4 milhões seriam destinados à OS, que teria como responsabilidade administrar o organismo.
Para o movimento SOS Cinemateca, o documento publicado no Diário Oficial da União, no dia 30 de julho, busca atacar a estrutura pública da instituição, já que estabelece que os produtores culturais deverão pagar para ter seus filmes conservados no acervo nacional.
:: O que se perde com o abandono da Cinemateca Brasileira? ::
Em nota, logo após o incêndio, a Secretaria Especial de Cultura declarou que o sistema de climatização havia passado por manutenção em julho e que iria solicitar à Polícia Federal a abertura de uma investigação.
No entanto, há pelo menos um ano, trabalhadores da Cinemateca e outras instituições vinculadas ao setor cultural vem denunciando o descaso do governo federal com o acervo, alegando a possibilidade iminente de um incêndio, já que são materiais inflamáveis, que sem constante monitoramento poderiam entrar em autocombustão.
"A instituição enfrentou quatro incêndios em seus 74 anos, sendo o último em 2016, com a destruição de cerca de 500 obras. O risco de um novo incêndio é real", alertaram os trabalhadores da instituição em abril deste ano.
A Frente Ampla em Defesa da Cinemateca é composta pela Associação Brasileira de Preservação Audiovisual, Coletivo Cinemateca Acesa, Associação Brasileira de Cineastas do Rio, Associação Paulista de Cineastas, Associação de Moradores de Vila Mariana e trabalhadores da Cinemateca Brasileira.
Em 2021, o governo federal aprovou um corte de 78% do orçamento para cultura, passando de R$ 11,6 bilhões, em 2020, para R$ 2,5 bilhões.
Edição: Lucas Weber