O Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) realizou eleições primárias no último domingo (8) para definir seus próximos candidatos às eleições regionais do dia 21 de novembro, quando os venezuelanos escolherão governadores, prefeitos e vereadores. O processo contou com 100 mil pré-candidatos e foi aberto para todo o eleitorado. As urnas abriram às 6h e em alguns lugares a jornada eleitoral chegou a durar 20 horas.
O Psuv é considerado o maior partido da América Latina, com 7,2 milhões de filiados. Segundo a contagem rápida, cerca de 3,5 milhões de eleitores participaram do processo, que é inédito na história da organização chavista.
“Participo porque é uma oportunidade para que nós mesmos possamos eleger os candidatos que queremos que ocupem o governo, não é uma imposição dos 'de cima'”, afirmou Giovanni Mesa, militante de base do Psuv.
Entre os 23 candidatos a governos locais, três irão tentar a reeleição: Hector Rodríguez, no estado Miranda, o mais populoso do país; Omar Prieto, no estado Zulia, fronteiriço com a Colômbia; e Rafael Lacava, em Carabobo. Para a prefeitura de Caracas, a candidata será a atual Ministra do Interior, Justiça e Paz, Almirante Carmen Meléndez.
Além disso, entre os 15 nomes anunciados, 13 eram protetores de estados - figura criada pela gestão de Maduro para designar representantes do governo responsáveis por atender estados governados pela oposição, como o caso de Freddy Bernal, atual protetor do estado Táchira, governado pelo partido opositor Ação Democrática.
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“Queremos ver se o povo venezuelano melhora sua situação econômica, social, de todo tipo. Eu não estou filiada, mas considero que devo participar de alguma forma para o benefício do nosso país”, afirmou a eleitora venezuelana Maura Dugarte, enquanto esperava na fila para votar.
Foram instaladas 5108 mesas eleitorais em todo o território nacional e, em alguns lugares, a votação foi até às 3h da manhã. Todo o processo é automatizado e foi assessorado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). No entanto, o poder eleitoral delimitou a quantidade de urnas eletrônicas disponibilizadas. Esta seria umas das principais causas para as filas e demora ocorridos no processo.
O vice-presidente da legenda e deputado Diosdado Cabello pediu desculpas aos eleitores que passaram horas na fila esperando para votar no último domingo (8).
“Nosso povo é muito nobre. Um dia de história, um dia para a Pátria, um dia para crescer como revolucionários e revolucionárias. Espero que esses resultados sirvam para seguir unindo a Revolução Bolivariana”, declarou o nº2 do Psuv.
Até o momento, a oposição só confirmou que irá realizar eleições primárias no estado de Táchira, fronteiriço com a Colômbia.
“A Venezuela demonstrou, até agora, ser um dos países que abriu as portas para a democracia. A nossa participação num processo interno de um partido demonstra a consistência dessa democracia”, defendeu Rafael Martínez, outro eleitor venezuelano que foi às urnas no domingo.
O período para que os escolhidos nas primárias apresentem candidatura será de 15 a 29 de agosto. Já a campanha começa somente no dia 28 de outubro.
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Acordo Nacional
Enquanto o calendário eleitoral avança, também são finalizados os preparativos para a mesa de diálogo nacional entre governo e oposição que deverá começar ainda no mês de agosto, no México.
O presidente Nicolás Maduro assegurou que só falta a data e que as negociações se centrarão em sete pontos, que incluem o fim da sanções econômicas, o reconhecimento das instituições do país e “o abandono da violência e do extremismo” por parte dos opositores.
“Temos direito de exigir liberdade econômica, financeira e comercial”, declarou o chefe de Estado venezuelano. Desde 2015, o bloqueio econômico gerou cerca de US$ 130 bilhões em prejuízos para o país, com a redução de 60% do Produto Interno Bruto.
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A princípio, o governo bolivariano será representado pelo presidente da Assembleia Nacional Jorge Rodríguez e pelo governador do estado Miranda Héctor Rodríguez.
Pelo lado opositor, estarão Carlos Vecchio, nomeado como embaixador de Juan Guaidó nos Estados Unidos; os ex-deputados Tomas Guanipa, Luis Aquiles Moreno e Emílio Rondón Hernández; o ex-prefeito do município de Baruta, Gerardo Blyde; Mariela Magallanes, embaixadora de Guaidó na Itália; e Roberto Enríquez, presidente do partido Copei.
Além da Noruega, a França e os Estados Unidos podem se adicionar aos países observadores dos diálogos.
Edição: Arturo Hartmann