Nesta terça-feira (10), os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid escutam o coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, presidente do Instituto Força Brasil, responsável por levar o reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), e Luiz Paulo Dominguetti, representante da Davati Medical Supply, até o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, o coronel Elcio Franco.
Em seu depoimento, o reverendo afirmou que, no dia 12 de março deste ano, levou Dominguetti até o Ministério da Saúde graças a Almeida, que já tinha uma agenda com o então secretário-executivo e decidiu incluí-los. Na ocasião, o representante da Davati Medical Supply ofereceu ao governo federal 400 milhões de doses da vacina do laboratório britânico AstraZeneca.
::Sem vacina em mãos, reverendo recebeu tratamento excepcional no Ministério da Saúde::
Mesmo sem qualquer documento que comprovasse a existência dos imunizantes, Dominguetti conseguiu um encontro com Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística da pasta, no dia 25 de fevereiro, e, depois, com Elcio Franco, no dia 12 de março. Segundo Dominguetti, Dias teria feito um pedido de propina a Dominguetti de US$ 1 por dose.
A reunião do dia 12 de março estava prevista na agenda do Ministério da Saúde. No entanto, não teria sido realizada para tratar de vacinas com Dominguetti. Segundo o jornal O Globo, o encontro foi marcado para o dono de uma rede privada de vacinação do Rio de Janeiro, a Beep.
"Alguns dias antes da minha audiência eu tive um contato com a Davati e eles comentaram sobre uma proposta de vacinas que haviam feito à secretaria-executiva. E que o assunto estava lá. Como essas vacinas também poderiam ser oferecidas ao setor privado, eu entendi que eles também poderiam participar dessa audiência", disse o coronel Helcio ao jornal.
Helcio, em seu perfil no Twitter, onde se identifica como cristão e militar, já criticou a CPI da Covid ao dizer que a comissão “mais parece um espetáculo circense, ocupa a mídia, que engole um camelo e engasga com mosquito”. Ele é a favor de pautas bolsonaristas na saúde, como o tratamento precoce.
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, concedeu a Helcio Bruno de Almeida o direito de permanecer em silêncio acerca de assuntos que possam incriminá-lo. "Pode silenciar-se afirmando o direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo. Mas não pode, na condição de testemunha, negar-se de dizer a verdade se questionado e vier a optar por não silenciar apenas afirmando, nesta situação, o seu direito de não se autoincriminar", afirmou a ministra em sua decisão.
Assista ao depoimento ao vivo pelo Youtube do Brasil de Fato:
Confira os destaques pelo Twitter: