CUBA

Contra bloqueio econômico, protestos pelo Brasil marcam aniversário de Fidel Castro

Organizações populares foram às ruas em seis capitais brasileiras para se solidarizar com o povo cubano

Brasil de Fato | Lábrea (AM) |
Embargo restringe entrada de insumos médicos durante a pandemia, ressaltam manifestantes - Diego Ortiz / Comunicação MAB

Um ato em solidariedade ao povo cubano realizado por movimentos sociais em seis capitais brasileiras marcou o aniversário do líder revolucionário Fidel Castro, que completaria 95 anos nesta sexta-feira (15).

A atividade faz parte do Plano de Ações de Solidariedade com os Povos em Luta, mobilização contra o bloqueio econômico dos Estados Unidos à ilha caribenha, que dificulta as compras internacionais de bens básicos.

:: Na ONU, 184 países votaram contra o bloqueio imposto pelos EUA à Cuba ::

"Trata-se de um crime que já foi condenado por vários países e até pelas Nações Unidas. É fundamental denunciar como a ofensiva americana tenta impedir os povos da América Latina e de todo mundo de construir suas próprias alternativas", afirmou Sarah de Roure, da Marcha Mundial das Mulheres de São Paulo.


Consulado Geral dos EUA em São Paulo foi um dos pontos de concentração / Diego Ortiz/Comunicação MAB

Os protestos foram convocados pela articulação continental Alba Movimentos, que reúne organizações populares de diversos países das Américas, e aconteceram em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre e Salvador

O embargo, que impede países de negociarem com o governo cubano, vem dificultando o acesso da população a medicamentos, seringas, alimentos e outros suprimentos essenciais durante a pandemia de covid-19

"Nós, como movimentos sociais, devemos muito ao povo cubano. Com ele temos aprendido o sentido da organização popular e da solidariedade internacional", disse Sarah. 

Escalada das tensões na ilha

A discussão sobre o embargo, imposto desde os primeiros anos da revolução cubana, voltou a ganhar força a partir de julho deste ano, após a realização de protestos contrários ao governo em cerca de 20 municípios cubanos.

Em resposta, um ato em defesa da revolução reuniu 100 mil pessoas em Havana dias depois. Na manifestação, o presidente Miguel Díaz-Canel reconheceu que o país passa por um momento difícil, mas denunciou uma estratégia de desestabilização operada pelo governo estadunidense.

:: Entenda os fatores que desencadearam as maiores manifestações opositoras em Cuba desde 1994 ::

"Esses que estão nas ruas protestando contra a revolução não representam o povo cubano. Estamos aqui denunciando o bloqueio criminoso que Cuba vem sofrendo a mais de 60 anos", afirmou à época Días-Canel.

Fidel e o bloqueio 

Líder da guerrilha que derrotou as tropas do ditador Fulgencio Batista, Fidel Alejandro Castro Ruz esteve à frete do governo cubano por quase 50 anos, inicialmente como primeiro-ministro e, a partir de 1976, como presidente.


Castro segue presente nas ruas de Havana / YAMIL LAGE / AFP©

Caçado incansavelmente durante a guerra fria, escapou com vida de 638 planos de assassinato elaborados pela CIA (o serviço secreto norte-americano), conforme o livro 638 Ways to Kill Castro (não publicado no Brasil), de Fabián Escalante, responsável pela segurança pessoal de Fidel. 

Um mês antes de morrer, em 2016, encontrou-se em Havana com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. “O povo do nosso país não está disposto a esquecer os danos humanos e econômicos provocados pelo bloqueio”, afirmou, na ocasião, o líder revolucionário. 

Edição: Leandro Melito