Conab cortou 27 unidades de estoques e perdeu capacidade de controlar preços
A alta no preço dos alimentos, sentida amplamente pelas famílias brasileiras, é reflexo de diversos erros políticos e econômicos, em especial o fim dos estoques regulares, que deixou o país sem margem para controlar os preços. É o que defende o economista Caio Vilela, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor do Instituto de Finanças Pessoais. Ele foi o entrevistado na edição de hoje (13) do Programa Bem Viver.
“Os alimentos que nós consumimos costumavam ser controlados pela Companhia Nacional de Abastecimento [Conab]. Até 2014 havia uma politica muito forte de estoque regulador, na qual o país mantinha grãos em armazéns para doar ou para servir de insumos para produção de pequenos agricultores, o que ajudava a controlar os preços. A Conab cortou 27 unidades de estoques regulador, perdendo capacidade de controlar o valor dos alimentos e ficando vulnerável a choques de custos”, disse o economista.
O aumento do câmbio e as variações na taxa de juros ao longo da pandemia, tornaram mais interessante para os grandes produtores exportar produtos agrícolas. No entanto, o governo não lançou mão de incentivos para que os pequenos agricultores produzisse alimentos para abastecer a população, intensificado a alta nos preços. “Foram sucessivos erros na política econômica”, pontua o economista.
“Não se pode pensar com uma cabeça muito matemática, de que se a pessoa não pode comprar arroz, opte por comprar macarrão e substituir carboidratos. A comida representa quem nós somos. É a nossa cultura deixando de estar presente no dia a dia. O arroz se mistura com carnes e legumes e o macarrão apenas com molhos. Isso diminui a quantidade de nutrientes que a população consome”, disse.
Ataque às urnas eletrônicas
Cientistas políticos avaliam que o ataque do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) às urnas eletrônicas, recorrentes nas últimas semanas, é uma cortina de fumaça para camuflar outros problemas sociais do país, como a pandemia e o aumento da fome, e que ele se espelha em outros mandatários autoritários, como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Mesmo após a derrota do voto impresso no plenário da Câmara dos Deputados, na terça-feira (10), o presidente seguiu com o mesmo discurso, chegou a dizer que houve golpe na votação na Câmara, acusando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de ter manipulado a opinião de parlamentares.
O presidente afirma recorrentemente não ter provas, mas ter certeza que as urnas eletrônicas são fraudáveis. Reforçando este debate, que não é uma pauta prioritário para o país, ele tenta desviar o foco de questões que realmente afetam seu governo, avaliam os especialistas.
Ontem (12), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, anunciou novas medidas para fortalecer a transparência das eleições, mesmo já provado que o sistema brasileiro é seguro. A partir de agora, o Tribunal vai disponibilizar o código-fonte que é inserido nas urnas eletrônica para os partidos com um ano de antecedência. Isso sempre ocorria, mas até então o dado era entregue seis meses antes das eleições.
A partir do código fonte, técnicos de cada partido podem fazer inspeções e verificar se o sistema está funcionando corretamente e se se houve alguma alteração. Segundo Barroso, nas eleições de 2016, 2020 e 2022 nenhum partido enviou representantes para verificar os dados. Para o ministro, esse gesto já é a prova de que o meio político sempre confia no funcionamento das urnas eletrônicas.
O Tribunal também anunciou a criação de uma comissão externa de transparência, formada por membros da sociedade civil e de instituições públicas, que vão ter liberdade de acesso e movimento dentro do TSE para ajudar a planejar de medidas de transparência, além de fiscalizar e acompanhar cada etapa do processo. A comissão será composta com especialistas como professores de universidades, além de membros de instituições ligadas ao tema, como a Transparência Eleitoral Brasil.
Remédio para Covid-19
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de um novo medicamento de combate ao coronavírus, o Regdanvimabe. Ele não estará disponível em farmácias e não poderá ser requerido por livre vontade do paciente, mas será administrado a partir de decisão médica, em hospitais.
A medicação não previne a Covid-19. O medicamento funciona para pessoas com quadro leve da doença, segundo reportagem da Rádio Agência Nacional.
Comida de verdade
A cozinheira profissional Sayonara Salum ensina uma receita rápida, prática e muito saudável de sopa de mandioquinha com gengibre. Ela é ideal para os dias frios, reunindo nutrientes importantes e ajudando a trazer mais conforto térmico.
A base de tempero da sopa, feita com ingredientes convencionais, é ótima para acompanhar outros caldos, como de batata e cenouras. É só usar a imaginação.
Festival de cinema
A dica para o final de semana é aproveitar a programação do Festival Ecofalante, uma das principais mostras de cinema para filmes com temática socioambiental. São 100 filmes disponibilizados de graça. Pelo menos 30 títulos são inéditos no Brasil.
Para assistir a programação, é só acessar o site do evento.
Sintonize
O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.
Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS) e Rádio Cantareira (SP).
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Edição: Sarah Fernandes