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A covid-19 e suas variantes: a pandemia não acabou

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A mutação delta já mostrou ter uma capacidade de transmissão muito maior do que as variantes anteriores. Ou seja, replica mais, transmite mais, se propaga mais - Fusion Medical Animation/Unsplash
Morreram mais pessoas este ano por Covid-19, do que em todo o ano passado

A "variante delta" começa a dar um susto com muita intensidade em países da Europa, assim como nos Estados Unidos e agora em Israel. Como esses países que tinham já uma alta proporção de vacinados, só reforça aquilo que temos dito a todos: quem quiser estabelecer data para o fim da pandemia terá grandes chances de errar.

O Sars-CoV-2 e mais do que ele, o conjunto dos vírus do coronavírus, já mostraram pra todos nós uma alta capacidade de mutações e, para além disso, essas mutações podem assumir características diferentes da sua variante original. 

Relembrando, os vírus coronavírus causaram, em um intervalo bem curto de tempo - em menos de 20 anos - três grandes emergências internacionais de saúde pública, em especial sendo essa última da covid-19, que provocou a maior pandemia deste século e a maior pandemia que nós já tivemos desde a chamada "gripe espanhola".

Desde quando começou, em março de 2020, nós já vimos surgir inúmeras mutações variantes do Sars-CoV-2, com características de transmissão e de progressão.

Dentre elas está a variante P1, que surgiu aqui no Brasil, a partir da cidade de Manaus, durante esse teste vivo feito pela postura genocida de Bolsonaro com a capital do Amazonas e que é uma das grandes responsáveis, junto com a irresponsabilidade do governo federal, pelo fato de no ano de 2021, em cerca de 6 meses, terem morrido mais pessoas pela covid-19 do que em todo o ano de 2020. 

Queria lembrar que até 7 de janeiro de 2021, no começo deste ano, nós tínhamos 200 mil mortos. De 7 de janeiro de 2021 até agora nós chegamos a quase 600 mil mortes. Ou seja, morreram mais pessoas este ano por covid-19, nestes primeiros seis meses, do que em todo o ano passado. 

A mutação delta já mostrou ter uma capacidade de transmissão muito maior do que as variantes anteriores. Ou seja, replica mais, transmite mais, se propaga mais. E já mostrou também uma alta letalidade sobretudo nos grupos não vacinados. 

Aí onde o movimento anti-vacina fez com que tivesse uma proporção elevada de pessoas vacinadas, ou países como Brasil que tem uma baixa cobertura vacinal estão particularmente ameaçados pela variante delta.

Uma outra preocupação é que já têm estudos que mostram que o grau de eficácia de algumas vacinas se reduz quando está confrontado com a variante delta, embora as vacinas ainda tenham um papel muito importante. 

Além do surgimento da variante delta, nós vamos completando um ano de pessoas vacinadas no mundo, sobretudo os estudos iniciais de vacinas.

Ou seja, nos próximos meses de setembro, outubro, novembro, nós teremos evidências científicas robustas no acompanhamento de cerca de 1 ano de pessoas vacinadas para sabermos quanto tempo dura essa imunidade produzida pela vacina. Quanto tempo dura a defesa feita pela vacina. Isso será decisivo para as ações dos governos e das próprias recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), sobre uma possível terceira dose de reforço.

Ou seja, a pandemia não acabou. O cenário está muito incerto e muita gente pode morrer ainda caso exista uma postura irresponsável de acreditar que está tudo resolvido. 

*Alexandre Padilha é médico, professor universitário e deputado federal eleito pelo PT-SP. Foi Ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad. Leia outros textos.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Leandro Melito