Nas últimas 24 horas, João Doria (PSDB), governador de São Paulo, colocou na rua, definitivamente, sua campanha para ser o representante do partido na disputa eleitoral de 2022 à presidência da República.
Após evento do partido em São Paulo com adesão do presidente da legenda, Bruno Araújo, declaração de voto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o mandatário paulista ainda anunciou que o deputado federal Rodrigo Maia, peça importante nas próximas eleições, passa a integrar o secretariado de seu governo.
Na zona oeste de São Paulo (SP), na noite da última quarta-feira (18), o PSDB paulista organizou um grande evento que, formalmente, serviria para o anúncio da filiação de Tomás Covas, de 16 anos, filho do ex-prefeito da capital paulista, Bruno Covas, que faleceu no dia 16 de maio deste ano.
:: Policiais se somam a protestos contra reforma administrativa e questionam retirada de direitos ::
Porém, o encontro, que teve a participação da militância tucana, se tornou um ato de campanha de João Doria, que recebeu apoios importantes da legenda.
Quando subiu ao palco, Doria estava ladeado por Covas e Araújo. Foi o chefe da legenda quem sinalizou primeiro, que Jair Bolsonaro (sem partido) deve ser o alvo escolhido pelos tucanos para polarizar em 2022.
“O Brasil enfrenta um momento de miséria e inflação”, bradou. Em seu discurso, o governador paulista também lembrou do presidente da República. “Aqui é a terra da vacina, não é a terra da cloroquina. Viva São Paulo, viva o Brasil.”
:: Grupos da igreja no WhatsApp são usados para disseminar desinformação, mostra pesquisa ::
Faixas e placas com o rosto de Doria carregavam a expressão "O pai da vacina", que deve ser um mote que o tucano carregará para 2022 como trunfo e para antagonizar Jair Bolsonaro. Para o cientista político Cláudio Couto, Doria é candidato à presidência da República “desde que sentou na cadeira de prefeito em São Paulo” e o governador “demonstra força dentro do partido com os últimos acontecimentos.”
Sobre a escolha por atacar o presidente da República, Couto afirma que é “o processo natural”.
“Qualquer candidato que quiser ser viável ano que vem, dentro da chamada terceira via, terá que ser um candidato que ocupe o lugar do Bolsonaro e que consiga atrair o eleitor que está com o Bolsonaro para a sua candidatura. Ele não vai tirar eleitor do Lula. A maior chance que essa terceira via terá é a partir do espaço do Bolsonaro.”
Antes do evento, durante encontro no Museu da Língua Portuguesa, na região central de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso anunciou que apoiará Doria nas prévias do partido e que o empresário paulista representa “o futuro do Brasil”. “Ele é candidato e tem meu voto”, finalizou o ex-presidente.
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul e provável concorrente de Doria nas prévias tucanas, reagiu imediatamente ao apoio de FHC. “Ele é muito bom, mas não é infalível e está no direito de escolher o seu candidato e de se equivocar quantas vezes quiser.”
Além de Leite, Doria deve enfrentar o senador Tasso Jeressati, do Ceará, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, nas prévias tucanas, que ocorrerão em novembro deste ano.
Aliança fora do ninho
Mirando 2022, Doria anunciou, na manhã desta quinta-feira (19), a criação da Secretaria de Projetos e Ações Estratégicas do Governo de São Paulo, que será chefiada por Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados e um dos políticos mais influentes de Brasília.
Maia, que saiu do DEM para o PSD após divergências com a ala bolsonarista do partido, chegou a ser cogitado como candidato à presidência da República em 2022. A ideia de Doria é manter o deputado federal próximo até a eleição e fortalecer uma aliança com o PSD.
Porém, para que o acordo seja possível, será preciso convencer Gilberto Kassab, presidente do PSD, que tem trabalhado para fortalecer o partido para as eleições de 2022. Nas próximas semanas, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, figura histórica do PSDB, deve se filiar ao partido para disputar o governo paulista nas próximas eleições.
:: Apenas 20% das universidades públicas têm cotas para quilombolas ::
Além de Geraldo Alckmin, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, hoje no DEM, encaminhou sua filiação ao PSD, com o olhar em 2022. Kassab pretende trabalhar o nome do senador como possível candidato da legenda à presidência da República.
Para Couto, Maia ainda não comprou a ideia de Doria e o jogo ainda está aberto. “Os dois movimentos podem acontecer simultaneamente. O Alckmin está abandonando o partido. O PSD é um partido que entra em todo governo. Então, ele pode participar desse governo (de Doria) e depois pula fora e embarcar em uma candidatura do PSD. Isso é plenamente possível.”
Edição: Leandro Melito