Os trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Urbanos (CPTM) realizam desde a meia noite desta terça-feira (24) greve nas linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, em São Paulo. Na linha 11, a paralisação é parcial, entre as estações Guaianases e Estudantes. Nas demais linhas, a paralisação é total. Nas três linhas, ônibus gratuitos estão garantindo a circulação de passageiros. A realização da greve foi decidida em assembleia realizada nesta segunda-feira (23) pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil.
Segundo informações de Alexandre Múcio, diretor-geral do sindicato, para o jornal O Estado de S.Paulo, a categoria pleiteia os reajustes salariais referentes aos dois últimos anos, de 2019 para 2020 e do ano passado para este ano. Ele afirma que os funcionários não tiveram reposição desde o início da pandemia do novo coronavírus.
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“É reposição salarial, não é aumento. A empresa usou a pandemia como desculpa para não negociar a reposição de 2019 para 2020 e, agora, usou a mesma desculpa esse ano. Faz um ano e seis meses que não temos reposição salarial, sem parar um dia de trabalho”, diz Múcio.
Duas propostas foram feitas para a categoria, ambas negadas em assembleia. Na primeira, o reajuste seria de 5% para o período dos dois anos. Na segunda, apresentada durante reunião nesta terça-feira com o Tribunal Regional do Trabalho, seriam dois reajustes, de 4% e 6%, mas o referentes aos meses corridos só começaria a ser pago a partir de 2022, em dez parcelas.
“O governo tem anunciado sistematicamente contratos voluptuosos com a privatização. A indignação está nesse sentido. Infelizmente, entendemos os problemas que a população vai ter, mas a culpa não é nossa”, afirma. Segundo Múcio, os números oficiais apontam que pelo menos 48 funcionários da CPTM teriam morrido em decorrência do coronavírus, mas ele estima que o total possa chegar a mais de 80.
Em nota, a CPTM classifica a greve como “inadmissível” e afirma que a categoria estaria “prejudicando e punindo exclusivamente o cidadão que necessita do transporte público para ir ao trabalho”. A empresa também reforça que o salário médio de seus funcionários é de R$ 6,5 mil, mas Múcio rebateu dizendo que esse valor é quando são considerados os rendimentos de diretores e assessores. A maioria dos operadores que entrarão em greve, segundo ele, recebe cerca de R$ 3 mil.
A Justiça do Trabalho voltou a determinar a manutenção de 80% dos trabalhadores da CPTM no horário de pico e 60% nos demais horários. A pena para descumprimento é de R$100 mil ao dia. Segundo a empresa, os trens vão operar na terça-feira com um “plano de contingência” para atender à demanda.
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Após o anúncio da greve, a Prefeitura de São Paulo decidiu suspender o rodízio de veículos na capital, durante os horários da manhã e da tarde/noite. Em nota, o município afirma que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) vai monitorar as vias da cidade e “implementar medidas operacionais com vistas a melhorar a fluidez de ruas e avenidas, especialmente para o deslocamento do transporte público coletivo”.
Confira a situação das linhas paralisadas
Linha 11-Coral: Circulação paralisada entre as estações Guaianases e Estudantes. Ônibus gratuitos foram disponibilizados para atender este trecho.
Linha 12-Safira: Totalmente paralisada. Ônibus gratuitos foram disponibilizados entre as estações Calmon Viana e Tatuapé.
Linha 13-Jade: Totalmente paralisada. Ônibus gratuitos foram disponibilizados entre as estações Engenheiro Goulart e Aeroporto-Guarulhos.
Artigo original publicado em Rede Brasil Atual.