Entender a situação e o contexto de cada mãe é fundamental
Na saúde, o mês de agosto é conhecido como Agosto Dourado, em alusão a campanhas de conscientização sobre o aleitamento materno. Porém é importante não perder de vista uma realidade muito presente em consultórios médicos: mulheres que encontram dificuldades para amamentar, sejam elas de natureza física, psicológica ou cultural. Para dar conta desses desafios, diversos programas de acolhida às lactantes estão em funcionamento em unidades de saúde pública do país, dispostos a oferecer orientações profissionais e humanizadas às novas mães.
“A amamentação está muito relacionada ao psicológico, que influência diretamente na produção de leite. Por isso formamos grupos terapêuticos para entender as dificuldades, seguindo princípios do atendimento humanizado. Sabemos que as mulheres ficam suscetíveis a mitos sobre amamentação”, disse a nutricionista Daniele Souza, responsável técnica do Banco de Leite Urbano do Hospital Materno Infantil de Barcarena, no Pará. Ela foi uma das entrevistadas da edição de hoje (25) do Programa Bem Viver.
Os motivos para a dificuldade de amamentar são diversos e podem estar relacionados com traumas do passado ou com questões prática, relacionadas a chamada “pega” da mama. Essas situações, porém, são delicadas e acabam envolvendo alguma frustração para as mães.
“As mães falam bastante que o leite é fraco e que não consegue ser suficiente para o bebê. Então trabalhamos com estratégias de conversa, de entender porquê ela está pensando isso, em que mitos ela acredita. Falamos com base em fatos científicos, mas de forma humanizada, porque sabemos que a mãe têm influência de outras gerações”, pontuou. “Fazemos grupos terapêuticos para discutir cientificamente e desmistificar a amamentação.”
O acompanhamento médico é fundamental para evitar lesões e facilitar o processo, tanto para a criança como para a mulher. Os profissionais podem ajudar as mães a colocarem em prática hábitos simples, que tornem o processo mais saudável e prazeroso, como por exemplo uma rotina de massagens e de ordenha do leite materno.
“O aleitamento materno é o padrão ouro para a criança. É o primeiro alimento e tem todos os nutrientes necessários para ela se desenvolver, tanto no lado cognitivo quando físico. Na maioria dos casos, até os seis meses a amamentação deve ser exclusiva e não é necessário oferecer água nem chá”, disse. “Entender a situação de cada família e de cada mãe é fundamental, assim como conhecer o contexto em que ela está inserida. Trabalhamos o indivíduo como um todo.”
Preço dos alimentos
Como o agronegócio pode acirrar o problema da fome no Brasil? É essa a pergunta que o Programa Bem Viver tenta responder a partir de uma reportagem sobre o aumento no preço dos alimentos, registrado nos últimos meses em todas as regiões do país.
A política do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de apoiar apenas o agronegócio e não criar linhas de incentivo para os pequenos produtores, prejudica a produção de alimentos e encarece os produtos da agricultura. Por isso, o país vê um cenário de recordes de safras de um lado e crescimento da fome de outro.
O desmonte da agricultura familiar provocado pelo governo Bolsonaro resulta também na paralisação da reforma agrária, acentuada a partir de 2019. Desde então nenhum latifúndio foi desapropriado.
Atualmente, mesmo que o governo fosse obrigado a implantar uma política de redistribuição de terras isso não seria possível, pois o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), responsável pela reforma agrária no país, teve sucessivos cortes no orçamento e não tem mais estrutura para realizar as ações.
A verba para aquisição de novas áreas caiu 94% no orçamento de 2021, passando de R$ 6 milhões para menos de R$ 700 mil. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) pelo menos 80 mil famílias do campo precisam de terra atualmente.
O movimento, junto com outras organizações, entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal no final do ano passado, cobrando que a Corte obrigue o governo a retomar a reforma agrária. Até agora, não houve um posicionamento.
O tango é negro
O tango, gênero musical popular na Argentina e em outros países latino-americanos, ainda tem seu imaginário muito ligado a artistas brancos, como Carlos Gardel e Astor Piazzolla, porém muito do desenvolvimento desse estilo está ligado a populações negras.
Um dos grandes músicos negros que ficaram fora dos holofotes é Horácio Salgán, que chegou a viver 100 anos e deixou um legado admirável.
Músicos e estudiosos do gênero são taxativos em afirmar que a história do tango na Argentina é racista e tenta tirar a importância de Salgán para o desenvolvimento da arte. Ele é descendente de ex-escravizados que foram levados para a Argentina.
Curso sobre democracia para influenciadores
O laboratório de comunicação Quid abriu inscrições para um curso gratuito sobre democracia e internet voltado exclusivamente para criadores e criadora de conteúdo na internet. São 36 horas de curso, divididas em 12 aulas, com o objetivo de auxiliar influenciadores e influenciadoras digitais a preparem os conteúdos mais qualificado e alinhados com a defesa da democracia e dos direitos humanos.
As inscrições para a formação, chamada “Chora, Morozov”, em alusão ao trabalho do cientista político bielorusso Eugeny Morozov, pode ser feita por um formulário online, até o próximo domingo (29). O curso é gratuito, mas as vagas são limitadas.
Sintonize
O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.
Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS) e Rádio Cantareira (SP).
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Edição: Sarah Fernandes