Agentes da reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo têm usado as redes sociais para difundir a ideia de que as manifestações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), marcadas para 7 de setembro, têm o apoio de integrantes da corporação.
Os policiais aposentados ludibriam a audiência no Facebook e no Twitter com fotos vestindo farda da PM e com suas patentes na descrição dos perfis. Eles escondem, contudo, que não pertencem ao quadro atual de funcionários da polícia.
A aposentadoria garante proteção aos posicionamentos político-partidários feitos pelos oficiais, já que apenas os policiais da ativa são proibidos regimentalmente de fazer manifestações públicas representando a corporação.
Na manhã de segunda (23), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o coronel da ativa Aleksander Lacerda da Polícia Militar de São Paulo. A medida ocorreu em função de publicação nas redes sociais na qual o oficial convocava policiais de São Paulo para os protestos de 7 de setembro.
O Brasil de Fato consultou a situação contratual de dois oficiais que se identificam "major da Polícia Militar do Estado de São Paulo" no Facebook e no Twitter: Gerson Rodrigues e Aldrin Santos Corpas.
O primeiro deles, segundo o Portal da Transparência, está aposentado. Rodrigues aparece nos registros como funcionário da São Paulo Previdência (SPPrev), padrão para funcionários que encerraram suas atividades profissionais no serviço público.
O segundo, de acordo com o Diário Oficial do Estado SP, passou para a reserva em fevereiro deste ano. Desde janeiro, Aldrin faz publicações nas redes sociais em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta semana, uma publicação feita por Aldrin viralizou na rede social após denúncias de que "mais um policial" estaria defendendo os atos pró-Bolsonaro. Ao invés de esclarecer que não integrava mais os quadros da PM, ele passou a xingar os seguidores nas redes sociais.
Veja as publicações:
O que se sabe sobre o motim
Nesta quarta-feira (25), o Brasil de Fato mostrou que um possível motim nas polícias militares em apoio a Bolsonaro nas manifestações de 7 de setembro tem sido insuflado por policiais da ativa e da reserva, por associações que reúnem oficiais que atuam em forças militares estaduais e por deputados da "bancada da bala".
Na noite da última segunda-feira (23), a Associação Nacional dos Militares Estaduais do Brasil (Amebrasil) divulgou nota afirmando que as PMs seguirão o Exército no caso de “defesa interna ou de ruptura institucional (estado de sítio ou de defesa)”.
No comunicado, a associação evoca o artigo 144 da Constituição Federal para afirmar que compete às polícias militares “a segurança e a ordem pública”. O comunicado foi publicado pelo presidente da Amebrasil, coronel da Polícia Militar do DF (PMDF) Marcos Antônio Nunes de Oliveira.
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“Lhes são atribuídas (às polícias), no campo da defesa interna ou no caso de ruptura institucional (estado de sítio ou de defesa), compor o esforço de mobilização nacional para a defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais e garantir a lei e a ordem", diz a nota.
Em reportagem publicada na segunda-feira, o site Poder360 descreveu a movimentação de grupos de WhatsApp de agentes de São Paulo e do Rio de Janeiro e afirmou que praças e oficiais da ativa e da reserva falam em “exigir” o poder, lutar contra o comunismo e exigir a retirada dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de seus cargos.
Em um dos grupos, policiais combinaram de comparecer à manifestação da avenida Paulista usando as boinas da corporação, ideia apoiada pelos outros contatos, que se identificam como capitães e subtenentes da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), grupo de elite da PM de São Paulo.
Já segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em reportagem publicada nesta terça-feira (24), a convocação para a manifestação ocorre nas redes sociais por parte de policiais de patentes variadas, em diferentes Estados. O levantamento apontou publicações feitas por oficiais de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo, Ceará e Paraíba.
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O site UOL publicou, também nesta terça, que policiais militares de cidades do interior de São Paulo, como Itapetininga, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Bauru e Campinas estão se organizando para comparecer em massa à manifestação.
De acordo com informações do deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), já há "pelo menos 50 ônibus alugados" pela categoria nessas cidades. Em algumas delas, afirma ele, os PMs estão recebendo o "apoio" de comerciantes para pagar seus assentos, com custo entre 30 e 100 reais.
Edição: Leandro Melito