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Radinho BdF: Atletas e crianças que praticam esportes adaptados celebram Paralimpíadas

Pelo menos 4 mil atletas de 165 países disputarão medalhas em um dos maiores eventos esportivos do mundo

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O goalball é a única modalidade das Paralimpíada que não é uma adaptação - Arquivo/EBC
Não é porque você está em uma cadeira de rodas que vai deixar de ser quem é

Quem estava morrendo de saudades das Olimpíadas, de acompanhar as competições e de torcer os atletas pode ficar tranquilo: começaram ontem (24) os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2021, um dos maiores eventos esportivos do mundo, que envolve atletas de alto rendimento com deficiência física e intelectual.

Serão pelo menos 4.300 atletas de 165 países que vão disputar medalhas em 22 modalidades como natação, canoagem, tênis de mesa, judô, ciclismo e esgrima em cadeiras de roda. Mais do que uma competição, as Paralimpíadas também são um exemplo de integração entre os povos e da importância do esporte para a sociedade.

Neste ano, 232 atletas brasileiros de diversas modalidades disputarão medalhas em Tóquio. O Brasil está entre os 20 países que mais conquistaram medalhas na história das Paralimpíadas, vindas de atletas como o nadador Daniel Dias, maior medalhistas brasileiro tanto das Olimpíadas quanto nas Paralimpíadas.

“Poder carregar o título de maior medalhista brasileiro e maior medalhista Paralímpico do mundo é uma grande alegria para mim é a realização de um sonho. O sonho nos move, faz com que a gente prossiga e vá adiante. Somos todos capazes de realizá-los”, disse ao Radinho BdF.

Muitas crianças se inspiram na dedicação desses atletas, como o Henrique Bado, de 16 anos, que mora em Caxias do Sul (RS) e pratica basquete em cadeira de rodas no Centro Integrado das Pessoas com Deficiência (Cidef).

“No futuro, meu sonho é jogar na Seleção Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas. Tem muitos atletas lá que me inspiram e meu sonho é jogar ao lado deles”, disse. “Depois de sofrer um acidente, um atleta me visitou no hospital e me convidou para treinar. Já aprendi muitas coisas no esporte, mas a principal é que ninguém é melhor que ninguém. Não é porque você está em uma cadeira de rodas que vai deixar de realizar seus sonhos ou de ser quem é.”


O nadador Daniel Dias é o maior medalhista brasileiro, somando 25 medalhas, 14 delas de ouro / Arquivo/EBC

História das Paralímpiadas

São muitos os momentos históricos das Paralimpíadas, que ficam sempre na lembrança. A própria criação dos Jogos já é um marco histórico: há 73 anos, um médico que utilizava esportes em tratamentos de reabilitação para pessoas com deficiência na Alemanha teve a ideia de realizar um campeonato esportivo com seus pacientes.

As Paralimpíadas caíram no gosto dos amantes de esportes e, poucos anos depois da sua criação, começou a reunir pessoas de diferentes países e a ser sediada na mesma cidade das Olimpíadas, até virar os Jogos Paralímpicos que conhecemos hoje, com diferentes modalidades, adaptada de várias formas.

Algumas delas são bastante semelhantes a versão não adaptada das modalidades, como natação, esporte que a Camila Dias, de 11 anos, pratica no Rio de Janeiro, no projeto social Dona Meca.

“Eu comecei a praticar com 2 anos e hoje sou uma atleta do paradesporto do clube Vasco da Gama. Agora estou treinando para as Paralimpíadas Escolares, que vão acontecer em novembro”, contou. “O esporte já me ensinou muitas coisas, como ter disciplina, rotina, e a nunca desistir dos meus objetivos. O esporte é muito importante para a saúde, para socialização e para a autoestima.”

Com o passar do tempo, vários acontecimentos ficaram registrados na história desse evento esportivo. Um deles foi na edição do Rio de Janeiro, em 2016, quando a atleta Márcia Malsar, do Atletismo brasileiro, carregou a tocha olímpica na cerimônia de abertura, caiu na chuva, se levantou e concluiu o trajeto. Márcia foi ovacionada ao entregar a tocha e se transformou em um símbolo de persistência.

Deficiência não é uma definição

Ter uma deficiência não define os atletas, apesar de comumente eles receberem o tratamento de “heróis” ou de “exemplos de superação”, como maneira de tentar amenizar o fato de terem uma deficiência. Vale reforçar que a capacidade e comprometimentos dos atletas paralímpicos nada tem a ver como a deficiência.

“Eu acredito muito no esporte como uma ferramenta transformadora. Ele transformou a minha vida e pode ser uma ferramenta de inclusão. A natação em mostrou que nós somos diferentes, mas iguais em capacidade e realização. A deficiência é uma característica minha, mas jamais uma definição. O que nos define é o que está dentro de nós.”

Porém, se tem uma barreira que os atletas brasileiros precisam superar, sejam eles com deficiência ou não, é a falta de incentivo do governo brasileiro ao esporte. Nos últimos anos, alguns programas sociais de patrocínio de atletas foram suspensos ou tiveram os recursos reduzidos, e alguns esportistas precisam se virar por conta própria para participar de competições.

Essa realidade costuma ser ainda mais complicada com os esportes paralímpicos, que em geral têm menos visibilidade.

“Eu pratico a vela adaptada. O barulho do vento na vela me ajuda a identificar a direção que o barco está indo”, conta o velejador Daniel, que tem 8 anos, mora em Brasília, e treina na Federação Brasiliense de Vela Adaptada. “Eu comecei a praticar quando criaram o projeto Vela par Todos e convidaram as crianças da minha escola para participar. Todos têm deficiência visual, como eu.”

Bora se mexer?

Embalados por tantas histórias sobre esportes, os ouvintes mirins são convidados para colocar o corpo para se mexer, seja ao som da música “O esporte que escolher”, do Mundo Bita ou de “Transformar” tema das Paralimpíadas de 2016, na voz de Ivete Sangalo e Calum Scott.

Na hora da brincadeira, a educadora física Camila Durães convida as crianças para experimentarem algumas modalidades paralímpicas, como vôlei sentado e corrida vendada. É só chamar algum adulto que mora com você e brincar a partir das dicas e regras que a Camila ensina.

“Os esportes, além de ajudarem no desenvolvimento físico, também ajudam na vivência social, porque requerem trabalho em equipe e convivência com os colegas e os professores”, concluiu Beatriz Mendes Ferreira, tem 14 anos, mora em Águas Claras (DF) e pratica vela adaptada.


Someity, mascote dos Jogos Paralimpícos de Tóquio, significa “muito poderosa” / Divulgação

De olho nos mascotes

Assim como nas Olimpíadas, os Jogos Paralímpicos também tem seus símbolos. Um dos mais famosos e tradicionais são as mascotes, personagens que trazem mensagens que o país sede quer transmitir ao mundo.

Esse ano, a mascote se chama Someity. Ela é uma robô inspirada da tecnologia e nos desenhos de anime e mangá japoneses, nas cores branca e rosa, que fazem referência as árvores Cerejeiras, que tem origem no Japão. O nome Someity, significa “muito poderosa”.

“Uma das coisas mais legais foi jogar com uma amiga que não usa cadeira de rodas. Achei bem legal essa mistura”, conta a Laura, que tem 11 anos, mora em Curitiba e que joga tênis na Universidade Livre do Esporte. “É muito legal superar barreiras, mostrar que você consegue superar os limites. Acho isso muito importante.”


Toda quarta-feira, uma nova edição do programa estará disponível nas plataformas digitais. / Brasil de Fato / Campanha Radinho BdF

Sintonize

O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.

Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].

Edição: Sarah Fernandes