As consequências da pandemia do novo coronavírus estão causando pressão psicológica e estresse
A pandemia de covid-19 já matou mais de 570 mil brasileiros e deixou uma multidão com problemas de saúde mental. Não à toa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou para o agravamento de doenças como depressão e ansiedade neste momento.
“As consequências da pandemia do novo coronavírus estão causando pressão psicológica e estresse em grande parte da população afetada. As incertezas provocadas pelo covid-19, os riscos de contaminação e a obrigação de isolamento social podem agravar ou gerar problemas mentais”, defendeu a organização.
Nesse cenário, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), presentes no Sistema Único de Saúde (SUS), são uma importante ferramenta para amenizar os impactos na saúde como um todo, não só mental.
Segundo Mirna Teixeira, docente do Mestrado Profissional em Atenção Primária à Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, existem diversas práticas que podem ajudar nesse momento da pandemia, como aromaterapia, reflexoterapia, cromoterapia, acupuntura, yoga, meditação, reiki, medicina ayurveda, entre outras.
Atualmente, são 29 as modalidades de PICS que integram a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, aprovada em 2006.
“As PICS são baseadas em um modelo de atenção humanizada e centrada na integralidade do indivíduo, visando estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação de saúde, por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade”, explica Teixeira.
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A docente da Fiocruz afirma que as PICS carregam a ideia de que a vida é movimento e que o adoecimento se refere ao bloqueio ou aceleração desse movimento. Nesse sentido, as práticas atuam no estímulo ao equilíbrio, em meio aos efeitos na saúde mental das pessoas durante a pandemia.
“O medo do desconhecido, a propagação da doença, o impacto na economia não só aumentaram a ansiedade dos indivíduos em condições de saúde pré-existentes, como também dos indivíduos saudáveis. E como compreendemos a saúde não como ausência de doença, mas como um bem estar biopsicossocial dentro de uma visão integrativa, é de extrema relevância a gente compreender os fatores que estão associados à saúde mental”, afirma.
Entre esses fatores estão o tempo de lockdown, as mudanças na rotina, a perda de pessoas queridas, o medo de se contaminar ou que pessoas próximas se contaminem, o medo da morte, o luto, a extensão do tempo de isolamento, o aumento das responsabilidades domésticas, principalmente para as mulheres.
Mirna Teixeira destacou duas práticas que fazem parte das PICS, o mindfulness e a aromaterapia. O primeiro ajuda o paciente a focar no presente, e “nesse momento de pandemia é muito importante focar no momento presente, porque o isolamento social gera muita ansiedade e muitas vezes a depressão está ligada ao passado e a ansiedade, ao futuro”.
Assim como outras práticas integrativas, o mindfulness ajuda a exercitar o sistema de atenção sensorial do corpo, estimulando os processos cognitivos e emocionais, a partir do entendimento de que existe uma conexão entre “o mundo das sensações e o mundo dos pensamentos e das emoções”.
Por sua vez, a aromaterapia faz uso de óleos essenciais a fim de promover o bem estar e recuperar o equilíbrio do organismo. O óleo essencial de alecrim, por exemplo, ajuda na memorização e no foco e pode ser usado, portanto, principalmente para ensino e trabalho remotos neste momento de pandemia.
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A lavanda ajuda em momentos de ansiedade e depressão. O óleo de limão siciliano auxilia na regulação dos sentidos da fome. Os óleos essenciais cítricos, como de laranja e tangerina, ajudam também na melhoria do humor.
Seja aromaterapia ou mindfulness, todas as práticas “têm uma proposição paradigmática, com formas de compreender o mundo a partir de uma lente que preza por uma visão integral do ser humano, compreendido como um campo de energia”.
Edição: Leandro Melito