A vacina não é o fim da história. É primeiro e fundamental passo, mas não o fim.
O Brasil deve continuar vivenciando novos picos e surtos de Covid-19 até pelo menos o próximo ano, sendo que as pessoas de menor renda, que têm menos possibilidade de isolamento e de acesso aos serviços de saúde, serão as mais afetadas. A análise é do coletivo Ação Covid-19, formado por pesquisadores de diferentes universidades de ponta, que elaboraram o estudo "Possíveis Cenários da Pandemia no Brasil", uma análise sobre o comportamento do vírus.
“É importante entender que vírus vai continuar circulando e se modificando. Já sabemos que a imunidade cai com o tempo, por isso a possibilidade de novos surtos”, disse a pesquisadora Patrícia Magalhães, em entrevista à edição de hoje (27) do Programa Bem Viver. “Mesmo com vacinação contínua teremos novos surtos, que serão mais graves em ambientes mais vulneráveis, entre os mais pobre. Pela dificuldade de isolamento, assim que a imunidade caí o vírus se espalha.”
Para embasar o trabalho, os pesquisadores criaram o Índice de Proteção à Covid (IPC), um modelo matemático aberto para uso gratuito, que calcula a vulnerabilidade de alguns territórios à infecção. O índice analisa fatores sociais e demográficos em três pilares: infraestrutura dos bairros, incluindo acesso à água encanada e a transporte público de qualidade; a organização das famílias, analisando por exemplo, quantas pessoas vivem na residência e quem é responsável por ela; e dados de saúde, como o acesso a hospitais públicos.
“Ficou muito evidente que a Covid-19 não é democrática, ela atingiu os diferentes territórios do nosso país de forma desigual. As periferias foram mais atingidas”, pontua Patrícia. “A vacina não é o fim da história. É primeiro e fundamental passo, mas não o fim. O poder público têm transmitido a mensagem que depois da vacina está tudo bem e que podemos voltar a vida normal, mas não é assim. Precisamos de mecanismos de suporte a população mais vulnerável, com estrutura para acompanhar regiões mais pobres e fazer vigilância epidemiológica para se adiantar ao vírus.”
Um país com fome
No Rio Grande do Sul, a qualidade da alimentação da população está gravemente comprometida pelo avanço do agronegócio. A diversidade alimentar diminuiu 30% nos últimos anos, enquanto os alimentos feitos a partir de milho e soja transgênica aumentaram, segundo estudo ainda em andamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chamado Fome RS.
No sexto capítulo do especial A Fome no Brasil, a reportagem do Brasil de Fato conversou com famílias do interior do estado que sentem na prática os efeitos do avanço do agronegócio. A escassez de alimentos tem obrigado os moradores das comunidades mais pobres a improvisarem para garantir comida na mesa, como caçar animais urbanos e engrossar o café com farinha para tentar transformá-lo em refeição.
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Marco temporal
Mais uma vez, a votação do marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF) foi adiada, agora para a próxima quarta-feira (1). Ao menos 6 mil indígenas de diferentes partes do país estão acampados em Brasília, em frente ao STF, para pressionar os ministros a votarem contra a proposta.
O marco temporal é uma tese jurídica defendida por ruralistas e outros grupos a favor do agronegócio, que é avaliada como inconstitucional por diversos especialistas. A tese argumenta que indígenas só podem reivindicar a demarcação de terras se eles estivessem presencialmente nelas em 5 de outubro de 1988, data que foi promulgada a Constituição Federal.
:: 10 mensagens dos povos indígenas do Brasil para o mundo ::
Segundo indigenistas e lideranças de etnias, esse entendimento ignora as violações, expulsões e ameaças que povos indígenas sofreram desde a chegada dos portugueses no Brasil. Para eles, aprovar o marco temporal é ignorar essa violência e dizer que os indígenas só passaram a existir a partir de 1988.
Mercado da vida
No município de Bonito, no interior de Pernambuco, o popular Mercado da Vida, é responsável por encurtar o caminho entre a agroecologia e as famílias da zona urbana da região. Tudo o que é comercializado no mercado é produzido a poucos quilômetros dele, por pequenos agricultores familiares.
A ideia é permitir que a população tenha mais acesso a alimentos de qualidade e que os produtores possam escoar a produção com mais facilidade.
Comida de verdade
Em uma breve despedida do Programa Bem Viver, a cozinheira profissional Sayonara Salum ensina uma receita deliciosa, simples e prática de creme de tofu, ótima base para diferentes tipos de recheios.
A opção que a cozinheira ensina é a rechear rolinhos de berinjelas com o creme e tofu, acompanhado de molho de tomate, uma receita saborosa e nutritiva que promete fazer sucesso na mesa das famílias de diferentes regiões do país.
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Edição: Sarah Fernandes
