Em transmissão ao vivo realizada nesta quarta-feira (1), o Brasil de Fato convidou especialistas para discutir a realização de manifestações com pautas antidemocráticas incentivadas pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem partido). Apoiadores do ex-capitão do Exército pretendem ir às em 7 de setembro, Dia da Independência.
Participaram da live o cientista político Claudio Couto, professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), a advogada Julia Almeida Vasconcelos, mestre em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Paulo Rodrigues.
O debate analisou a estratégia usada por Bolsonaro para alimentar o caos institucional, com foco nas eleições de 2022 e na ruptura institucional da República brasileira. "A aposta de Bolsonaro é a de que esse caos acabe levando a processos de violência política, que surjam como algo que possa clamar por algum tipo de intervenção solucionadora", apontou o professor Claudio Couto.
Para os bolsonaristas, os protestos seriam uma espécie de ponto-auge na crise forçada pelo próprio presidente nos últimos meses. Sem pauta central clara, as chamadas para os atos se dividem em temas como exigência de voto impresso nas próximas eleições, "renovação" do Supremo Tribunal Federal (STF) e volta do regime militar.
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Por canais conservadores de comunicação, há convocatórias que citam também demandas mais exóticas, como a "criminalização do comunismo" e a criação de um regime político que só permita a existência de dois partidos.
As manifestações têm recebido apoio de grupos do agronegócio e de políciais militares, mas não há consenso geral nesses setores sobre os atos. Pelas redes sociais, se espalham publicações alardeando a participação de caminhoneiros, produtores de soja e agentes de segurança.
No caso dos PMs, os chamados para os atos com pautas antidemocráticas causaram reações. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o coronel da ativa Aleksander Lacerda, da Polícia Militar de São Paulo. Em Brasília, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios questionou o comando da PM sobre a participação de agentes nos protestos.
Para Julia Almeida Vasconcelos, o apoio das forças de segurança pode não ser generalizado, mas precisa ser analisado com atenção, "O que causa preocupação é que o bolsonarismo é o único setor social organizado que tem expressão nas forças de segurança".
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Além da simpatia de parte das polícias militares e das Forças Armadas, João Paulo Rodrigues afirmou que Bolsonaro também conta com incentivo de quem representa o "grande capital" do Brasil: empresários e agronegócio. Por outro lado, a situação cada vez mais precária da economia brasileira, a CPI e a atuação do Supremo Tribunal Federal, operam em sentido contrário.
"Eu desconfio que o Bolsonaro está em seu pior momento e não é pelas loucuras que ele fala, mas sim pela economia. É muito difícil os caminhoneiros fazerem uma grave de apoio ao Bolsonaro com o diesel a R$5 e a gasolina a R$7. É difícil setores bolsonaristas populares saírem às ruas com o botijão de gás de cozinha valendo R$110".
Edição: Vinícius Segalla