O livro Nhemombaraete Reko Rã’i: fortalecendo a sabedoria reúne desenhos, histórias e ensinamentos da cultura guarani. Foi escrito por José Verá, morador da Aldeia Yvyty Porã, terra indígena conhecida entre os não-indígenas como “Aldeia do Campo Molhado”, no município de Maquiné, litoral norte do Rio Grande do Sul.
A aldeia está em um local com um passado de resistência. A área foi retomada pelos Mbya Guarani e demarcada há cerca de 30 anos, sendo uma das maiores terras indígenas exclusivamente guarani do estado do RS.
A inauguração da campanha de lançamento do livro acontece no próximo sábado (4) às 10h, na Feira dos Agricultores Ecologistas, na banca do Meio, na Rua José Bonifácio, em Porto Alegre.
Durante o mês de setembro, o livro poderá ser adquirido pelo preço promocional de R$ 40, através do site da editora Riacho (clique aqui para conferir o livro).
Em seguida, a publicação bilíngue português/guarani estará disponível para a venda na livraria Via Sapiens e também no site do selo Riacho.
Sobre o livro
As histórias que compõem Nhemombaraete Reko Rã’i: fortalecendo a sabedoria foram ditadas por José Verá a professores guaranis, que fizeram posteriormente a revisão e tradução para a língua portuguesa. O livro foi composto de forma colaborativa, com visitas à comunidade com protótipos impressos e digitais para decidir o visual final da publicação.
O projeto é uma das ações da Associação de Estudos e projetos com Povos Indígenas e Minoritários (AEPIM), organização não-governamental que atua desde 2009 em parceria com povos indígenas, quilombolas, comunidades pescadoras e de agricultura familiar.
Os recursos para o livro vieram do edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei Aldir Blanc. A publicação tem edição e projeto gráfico do selo editorial Riacho, ativo desde 2016 com foco na poética e na diversidade socioambiental.
Sobre o autor
José Verá, de 71 anos, desenhista autodidata nasceu para a "contação de histórias". A Aldeia Serra Bonita (Yvyty Porã), situada entre os municípios de Caraá, Maquiné e Riozinho, serviu de inspiração e guia.
"Eu escrevi aqui, dentro dessa casa, dentro da minha aldeia, no meio da minha família", relembra o artista.
"Não saí para outro lugar. Eu recebi uma mensagem diretamente para mim", explica. Produzidos a lápis e caneta, os desenhos espelham a espiritualidade do povo Mbya Guarani e sua relação com a biodiversidade.
Mensagens sobre ecologia e vida em comunidade permeiam a obra. Com títulos como O Lua (Jaxy), O Sol (Kuaray), Nossa mãe verdadeira (Nhandexy anhetêngua), Erva-mate (KaꞋa), Escola (NhemboꞋea), os temas do livro rendem lições para indígenas e especialmente para não-indígenas.
As histórias evidenciam a íntima relação que têm os povos indígenas com o território. E por isso trazem à luz a relevância que teve a luta travada pelos indígenas pela autodemarcação dessa área há três décadas.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira