A emissora de rádio pública de Minas Gerais, a Rádio Inconfidência, faz 85 anos nesta sexta-feira (3). No ar desde 3 de setembro de 1936, a rádio é uma das mais antigas do estado e transmite AM 880 kHz e FM 100.9 MHz. Em ondas curtas pode ser sintonizada de 6010 kHz e 15190 kHz e escutada em todo o Brasil.
Não é muito dizer que a rádio é uma das mais queridas pelos ouvintes mineiros. Ao longo da sua trajetória, a emissora conhecida como “Gigante do Ar” foi pioneira em transmissões esportivas, culturais e de entretenimento. Já teve presença, por exemplo, de grandes nomes da música brasileira, como Ângela Maria, Cauby Peixoto e Carmen Miranda.
Por ser pública, ela ainda ocupou nesses 85 anos o importante papel de abrir espaço para a diversidade dos artistas mineiros. Foi também a primeira emissora em Minas Gerais a ter uma mulher narradora de futebol.
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No entanto, algumas de suas características democráticas mais marcantes passaram por sérios obstáculos nos últimos anos. Programas tradicionais foram retirados do ar e funcionários demitidos. A falta de investimento assola a emissora, assim como problemas com a gestão.
Em greve
Contra o desmonte da emissora, que depende do governo de Minas Gerais sob o comando de Romeu Zema (Novo), os funcionários da empresa realizam uma greve que começou nesta quinta (2). Uma reestruturação nos cargos e carreiras dos trabalhadores, com um novo Plano de Cargos e Salários (PCS), deve ampliar desigualdades e a terceirização dentro da rádio.
Os trabalhadores protestaram nesta sexta (3), às 11h, na sede da emissora em Belo Horizonte. O ato, convocado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MG (SJPMG) e pelo Sindicato dos Radialistas (Sintert-MG), conclamou a defesa da comunicação pública e a valorização dos profissionais concursados. Desde quinta (2), a emissora está transmitindo apenas músicas e programas gravados, dada a greve da categoria.
Desigualdade já começou: apenas comando da rádio teve aumento
O comando da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), que engloba a Rádio Inconfidência e TV Rede Minas, pretende implantar o Plano de Cargos e Salários (PCS) e a Lei de Carreiras. Propostas que estão mantidas em segredo pelo comando da emissora, ao qual os funcionários ainda não puderam ter total conhecimento ou participação.
Já se sabe que o plano pretende acabar com a carreira dos radialistas concursados da rádio e entregar suas funções a uma empresa terceirizada. Na regra de progressão de carreira (aumento salarial), os trabalhadores com ensino médio estão sendo excluídos, atingindo em cheio os operadores radialistas, que colocam a rádio no ar todos os dias.
Além disso, os trabalhadores reivindicam tratamento igualitário entre servidores concursados e os trabalhadores “de confiança”, nomeados pelo governo estadual para o comando da rádio.
Enquanto os funcionários em geral estão sem aumento desde 2019, o comando da rádio aprovou para si uma reposição salarial equivalente a 11 anos. Atualmente, 18 desses trabalhadores recebem 40% de todo gasto com a folha salarial.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa