Brasília

Ataques de ódio: bolsonaristas tentam invadir Ministério da Saúde e hostilizam jornalistas

Episódio vem 24 horas após protestos antidemocráticos de 7 de Setembro, em que presidente atacou mais uma vez o STF

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

Ouça o áudio:

Apoiadores do presidente em Brasília na terça (7), durante o ato antidemocrático promovido pelo grupo no Sete de Setembro - Carl de Souza/AFP

Os ataques de ódio promovidos por militantes extremistas tiveram um novo episódio nesta quarta-feira (8), em Brasília (DF). Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentaram invadir a sede do Ministério da Saúde (MS), na Esplanada dos Ministérios, e hostilizaram jornalistas.

Os bolsonaristas foram contidos pela segurança da instituição, que depois contou com a presença da Polícia Militar (PM) no local. Algumas equipes de imprensa, como as das emissoras Record e CNN, precisaram se abrigar dentro do prédio e aguardar a escolta dos agentes para ter maiores condições de segurança ao deixar o ministério.

Segundo informações oficiais da PM, não há feridos nem pessoas detidas. A corporação diz ter reforçado o policiamento na Esplanada nesta data e afirma que estaria monitorando toda a região central de Brasília para garantir a segurança. 

Em nota, a direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) chegou a informar que entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do DF para cobrar condições seguras de trabalho para a imprensa na Esplanada nesta quarta. A entidade solicitou amparo policial para a liberação das equipes que estavam no prédio. 

A tentativa de invasão do MS repercutiu também entre políticos. “O Brasil com quase 600 mil mortos, a economia em frangalhos e a horda bolsonarista insiste com seu ímpeto golpista”, disse, pelo Twitter, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS).

A presença de apoiadores do presidente em Brasília causou outros transtornos na rotina das instituições. Por conta dos ataques registrados ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional durante os protestos antidemocráticos do 7 de Setembro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anunciou, ainda na noite de terça (7), o cancelamento das sessões previstas na Casa para esta semana.

Informações de bastidor colhidas e divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo apontam que a decisão se pautou pelo receio de problemas de segurança para os parlamentares diante das manifestações de ódio.

Pacheco também teria considerado não haver clima para a ocorrência de votações e debates por conta da piora da crise institucional, criada e estimulada por Bolsonaro.

Na Câmara, há atividades nesta quarta (8), mas alguns parlamentares se queixam do clima gerado pelos ataques de bolsonaristas. Em vídeo publicado pelo Twitter, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) relatou dificuldade de adentrar o prédio pela chapelaria, entrada principal da Casa.

“Enquanto estou aqui no meu local de trabalho – porque fui eleito pelo povo brasileiro pra representar o povo gaúcho –, estou sendo impedido de entrar pela chapelaria, que está sitiada. Temos aqui algumas dessas pessoas desocupadas – e certamente vieram aqui pagas – que estão hostilizando os parlamentares, tentando nos intimidar”, disse o petista, apontando que os manifestantes seguem as orientações de Bolsonaro.

Os ataques e a hostilidade registrados a parlamentares, jornalistas e servidores públicos nesta quarta-feira (8) surgem um dia após os protestos antidemocráticos do 7 de Setembro, em que Bolsonaro mais uma vez atacou o STF e subiu o tom contra o ministro Alexandre de Moraes.

O presidente reuniu na ocasião, em Brasília e em São Paulo (SP), uma horda de apoiadores extremistas que cultivam pautas autoritárias. O grupo evoca temas como golpe militar, fechamento do STF e do Congresso, além de bandeiras negacionistas, contrárias à prevenção da covid.  

Edição: Leandro Melito