Indireta?

Em mensagem sobre 11/09, Barroso diz que não se alcança democracia com tropas e tanques

Afirmação ocorre na semana em que Jair Bolsonaro ensaiou um discurso golpista e ameaçou o STF

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Não se leva Iluminismo e democracia a nenhum lugar do mundo com tropas, mísseis e tanques", afirmou Barroso - Reprodução

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, foi às redes sociais para se manifestar sobre os 20 anos do ataque às torres do World Trade Center, em Nova Iorque, nos EUA, organizado pela Al-Qaeda, de Osama Bin Laden. No texto da publicação, pode ter sobrado uma ironia ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que nessa semana subiu o tom com a Corte.

"20 anos dos atentados de 11/9, triste momento da história recente. Duas lições: 1. O terror, como a violência em geral, nada constrói. 2. Não se leva Iluminismo e democracia a nenhum lugar do mundo com tropas, mísseis e tanques. Educação, cultura e Justiça são as armas certas", afirmou Barroso.

Na última sexta-feira (10), o ministro já havia recomendado, também nas redes sociais, que seus seguidores escutassem a música “Paixão de um homem”, de Waldick Soriano. A publicação veio horas após Bolsonaro afirmar que Barroso tem “palavras bonitas”, mas “que não convencem ninguém.”

Em sua live da última quinta-feira (9), Bolsonaro fez declarações homofóbicas e citou o ministro. “Se anuncia que está anunciando novas medidas protetivas por ocasião das urnas é porque elas têm brecha. Porque, Barroso, elas são penetráveis. Entendeu, Barroso? Ministro Barroso, entendeu? As urnas são penetráveis, as pessoas podem penetrar nelas. Democracia é contraditório. Eu posso gostar e tu não gostar. Já imaginou se eu gostar da mesma coisa que o Barroso?”, encerrou o presidente.

Nas manifestações da última terça-feira (7), em um discurso golpista, Bolsonaro atacou o STF, chamando o ministro Alexandre de Moraes de “canalha” e dizendo que o Supremo poderia “sofrer aquilo que nós não queremos.”

No dia seguinte, Bolsonaro divulgou uma carta à nação dizendo que não teve a intenção “de agredir quaisquer Poderes” e que as duras palavras que proferiu em seu discurso seriam decorrentes “do calor do momento.”

A recuada pegou mal entre o eleitorado de Bolsonaro, que enfrentou críticas de seus aliados. Hoje, em evento em Esteio, no Rio Grande do Sul, o presidente comentou sua nota. “Não é para dizer se este ou aquele Poder saiu vitorioso, a vitória tem que ser do povo brasileiro, a vitória tem que ser de vocês porque somente assim a gente vai poder viver em harmonia.”

Edição: Mauro Ramos