A forma como Bolsonaro opera cria instabilidade e dificulta o diálogo
Em um cenário de escassez de vacinas contra Covid19 e de crise política, na qual o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cria conflito com governadores e atrasa a entrega de imunizantes, estados passaram a aplicar vacinas de fabricantes diferentes na segunda dose, para tentar conter o avanço da variante Delta, mais transmissível. A chamada vacinação heteróloga não causa efeitos colaterais e nem prejuízos na construção da imunidade.
“O Ministério da Saúde autorizou, mas deu autonomia para os estados decidirem”, disse a médica de família e comunidade Nathalia Neiva dos Santos, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, em entrevista ao podcast Covid-19 na Semana, repercutida na edição de hoje (13) do Programa Bem Viver. “A mudança não atrapalha na construção da imunidade, nem causa efeitos adversos. Em um momento de falta de doses é uma alternativa. Com o avanço da variante Delta é importante fazer a segunda dose na população.”
A médica alerta que essa variação de imunizantes já foi feita no Brasil, com as gestantes. Elas tomaram a primeira dose da vacina da Astrazecena e, após ser registrado o risco de efeitos colaterais para esse público, receberam a segunda dose da Pfizer. “É uma ideia que pode permanecer em cenários futuros”, disse, lembrando que a medida é diferente da dose de reforço, indicada para idosos ou imunossuprimidos, com imunizantes da Pfizer ou Astrazeca, pelo maior grau de resposta nesta população.
Ainda assim a crise política que dificulta a distribuição de vacinas prejudica gravemente o país na contenção da pandemia, segundo avaliação da médica. “Essa forma como o governo opera, principalmente Bolsonaro, de tratar disputa com governadores, transferir responsabilidades e dificultar negociações com estados cria um clima de instabilidade e dificulta o diálogo”, pontuou.
:: Falta de vacinas e caos político: semana colocou Brasil em posição arriscada frente à pandemia ::
Saúde mental
O Programa Bem Viver compartilha uma série especial sobre o Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio e o cuidado com a saúde mental, produzida pela Rádioagencia Nacional.
O episódio de hoje fala sobre iniciativas para manter o público idoso ativo e saudável. Apesar de a maioria das campanhas relacionadas ao combate ao suicídio serem voltadas para jovens, idosos também estão vulneráveis a depressão.
Um estudo organizado por pesquisadores da Universidade de Brasília, em 2020, aponta que embora não sejam os mais atingidos em números gerais, os idosos são o grupo etário com mais vítimas de suicídio a cada cem mil habitantes no país.
Para os pesquisadores, o quadro se explica pelo isolamento social, mas não nos termos da pandemia e sim ao fato de idosos passarem a morar sozinhos, recebem poucas visitas de familiares, perderem a rede de amigos e deixarem de praticar atividades físicas, educacionais ou artísticas.
Cacique Raoni
Na semana passada, o Cacique Raoni, indígena brasileiro reconhecido mundialmente por sua luta na defesa da Amazônia e dos povos da floresta, recebeu mais um prêmio. Ele ganhou o título de membro honorário da União Internacional para a Conservação da Natureza, em anúncio feito durante o Congresso Mundial da União, que acontece em Marselha, na França
A honra é concedida a cada quatro anos como um reconhecimento pelo excepcional serviço para a conservação da natureza e dos recursos naturais.
Cacique Raoni tem 91 anos e coleciona uma trajetória de resistência que iniciou ainda nos 1970. Uma das suas primeiras aparições públicas foi nos protestos contra a construção da rodovia BR-080, conhecida hoje como hoje MT-322, que afetaria a terra indígena Capoto Jarina. Em 1987 e 1988, ele teve protagonismo na garantia dos direitos dos povos indígenas na Constituição Federal.
Politicamente, ao longo dos anos, reuniu-se com líderes políticos para visibilizar a luta pela preservação da Amazônia e dos povos que habitam tradicionalmente o bioma. Atuou contra a construção da usina de Belo Monte e, em 2020, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz.
Ainda no ano passado, ele contraiu Covid-19, chegou a ser internado, mas se recuperou e segue firme e forte como uma inspiração para quem luta pela conservação ambiental.
Cine Marrocos
Quem é fã de cinema no Brasil ou quem mora na cidade de São Paulo certamente conhece o Cine Marrocos, espaço inaugurado no começo da década de 1950, e reconhecido como um dos cinemas mais marcantes da capital paulista.
Em 1954, ele chegou a receber o Festival Internacional de Cinema. Na época, diversos astros de Hollywood prestigiaram o evento, que ocorreu no centro de São Paulo.
De “o maior cinema da América Latina”, como era chamado, o Cine Marrocos faliu e foi oficialmente desativado em 1994 e desapropriado pela prefeitura paulistana em 2010. O prédio, então, foi ocupado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
Por alguns anos, mais de duas mil pessoas, entre brasileiros e imigrantes de diferentes países, viveram no local. Em 2016, porém, as famílias foram expulsas por determinação judicial, em uma ação de reintegração de posse.
Nos últimos meses da ocupação, o cineasta Ricardo Calil foi conhecer a história dos moradores e montou oficinas de teatro inspiradas em filmes exibidos no Cine Marrocos. O resultado é um documentário lançado recentemente nos cinemas, chamado “Cine Marrocos”, que chegou às telonas este ano. Em 2019, ele foi vencedor do festival de cinema É Tudo Verdade e está disponível na plataforma Globoplay.
Atualmente, o prédio do Cine Marrocos está trancado e sem uso. Segundo o diretor, a prefeitura de São Paulo havia elaborado um projeto para o uso do local, mas ele nunca saiu do papel.
Dia da cachaça
Hoje se comemora o Dia Nacional da Cachaça, um símbolo que marca a cultura e a história brasileira, mas que deve ser apreciado com moderação. Como se trata de uma bebida alcoólica, é preciso ter atenção, já que o alcoolismo é considerado uma doença pela Organização Mundial da Saúde que atinge não apenas a pessoa dependente, mas toda a família.
Com todos os cuidados, o Programa Bem Viver lembra que cachaça foi a primeira bebida destilada feita nas Américas, criada entre 1516 e 1532. Hoje, ela é um aspecto da cultura brasileira que gera renda para famílias, por meio da produção, da venda ou do turismo.
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Edição: Sarah Fernandes