Na última terça-feira (14) foi confirmada a primeira morte de um professor após o retorno às aulas presenciais. Um mês após a volta às aulas, o professor Joseli Gomes de Farias, do CED Stella dos Cherubins Guimarães Trois, em Planatina, faleceu de covid-19 aos 53 anos, no hospital de campanha do Gama.
De acordo com dados do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), 102 escolas da rede pública registraram casos de contaminação por covid-19.
:: Casos da variante delta no DF chegam a 346 ::
Em nota, o Sinpro-DF esclarece que, além do óbito, foram registrados mais seis casos positivos de covid-19 no CED Stella dos Cherubins Guimarães Trois. “O quadro se apresenta em um momento em que a Secretaria de Educação (SEEDF) descumpre o acordo feito com o Sinpro e determina o retorno presencial imediato daqueles e daquelas que não completaram o ciclo de imunização” destaca.
A diretora do sindicato Rosilene Corrêa informa que, contrariando acordos firmados, o GDF emitiu uma circular que estabelece a volta de todos os profissionais à sala de aula, “inclusive para os que não tomaram a segunda dose de vacina contra covid-19”.
Para garantir a proteção da categoria, a entidade ingressou com ação na Justiça para anular a determinação. A Dirigente ressalta que mais de 2 mil professores ainda aguardam a aplicação da segunda dose da vacina.
:: Número de escolas no DF com casos de covid-19 sobe para 98 ::
Insegurança
A professora de sociologia do CED Stella dos Cherubins, Luiza Oliveira, desabafou nas redes sociais sobre a perda do colega de trabalho. Ela relata que a escola está com um surto de covid e que a instituição não tem estrutura adequada para garantir a segurança sanitária de estudantes e profissionais.
“Ontem um dos nossos professores, um colega muito querido, faleceu em decorrência da COVID. Estava vacinado, mas infelizmente não resistiu. Ele trabalhou presencialmente na escola até poucos dias atrás. Hoje, duas professoras testaram positivo e outros professores estão esperando resultado ou se encaminhando para fazer o teste”, escreveu.
Ela aponta que a grande maioria dos profissionais da escola está recorrendo à rede privada para realizar o teste de covid, “tirando o dinheiro do próprio bolso, já que não há testes na rede pública para quem teve contato com pessoas contaminadas e não apresenta sintomas. Mesmo quem apresenta sintomas tem dificuldade de testar” protesta.
:: DF ultrapassa 10 mil mortes por covid-19 ::
“Estamos atravessando uma realidade inimaginável em nossa escola. Quando fomos retornar às aulas presenciais, alertei muitas vezes que não tínhamos condição de ter um retorno seguro. Para isso, seria necessário a ventilação adequada das salas de aula, máscaras seguras disponibilizadas para todos e um protocolo eficiente de isolamento e testagem. Não temos nenhuma dessas condições em nosso colégio”, denuncia a professora.
A diretora do Sinpro, Rosilene Corrêa, destaca que, “embora a educação tenha tido prioridade na vacinação, foi uma prioridade já num processo super atrasado, muitas vidas se foram e ainda tem muita gente sem vacinar. Isso é consequência de uma ausência de política”, observa. Corrêa emenda, “a escola como é um lugar de fluxo fica ainda mais vulnerável”.
Para a professora Luiza Oliveira, as condições de trabalho da categoria têm sido indignas. “A nossa permanência na escola presencialmente é um risco à saúde física e mental de qualquer um e a sensação que temos é do mais completo abandono. Estamos consternados com a partida abrupta de nosso colega. Não dá mais pra ver essa política genocida do GDF acontecendo, nossos colegas adoecendo e morrendo e não se fazer nada”, manifesta.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino