A prévia da inflação no Brasil rompe a marca simbólica dos 10% por ano, puxada pela alta nos preços da gasolina e da energia elétrica. Curva que não para de crescer, já que os combustíveis ficarão ainda mais caros a partir de agora. A nova tabela de preços lançada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) institui o encarecimento da gasolina e do diesel em 18 das 27 unidades federativas. E em 15 delas, o gás liquefeito de petróleo (GLP) também vai subir.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), uma espécie de prévia da inflação oficial, foi divulgado nessa sexta (24) pelo IBGE e teve um salto de 0,89% para 1,14% em relação ao mês anterior. Esse é o maior indicador para um mês de setembro desde o início do Plano Real, em 1994.
::Até onde vai o preço dos alimentos e o que isso significa para a população brasileira?::
Só em 2021 o IPCA-15 acumula uma alta de 7,02% e, nos últimos 12 meses, 10,05%. Esse taxa é praticamente duas vezes a meta estabelecida pelo governo federal: de 3,75% com tolerância até 5,25%.
Combustíveis
Na prática, os números refletem o que a população já sente há muito tempo no bolso. Entre setembro do ano passado e os dias de hoje, a gasolina aumentou 39,05%. De acordo com a tabela da Confaz, os estados que terão as maiores altas da gasolina serão o Rio Grande do Sul, o Piauí e o Mato Grosso.
O etanol, o gás veicular e o diesel também estão em uma constante de encarecimento. De agosto para setembro, cada um deles aumentou, respectivamente, 4,55%, 2,04% e 1,63%.
Energia elétrica e crise hídrica
A perspectiva de um alívio nas contas de luz tampouco é das melhores. Com variação de 3,61% do mês passado para esse, a alta acumulada da energia elétrica já soma 25,26% nos 12 meses mais recentes.
Vale lembrar que em agosto, a bandeira tarifária foi vermelha 2, ou seja, houve um acréscimo de mais de R$9 a cada 100kWh consumidos. Com a bandeira de "escassez hídrica" que passou a vigorar em setembro, para esses mesmos 100kWh o preço cobrado será de R$14,20.
Diante da crise que faz com que os reservatórios de hidrelétricas do Brasil atinjam o pior nível dos últimos 91 anos, o presidente Bolsonaro sugeriu, em sua live semanal na quinta-feira (23), que os brasileiros tomem banho frio e não usem o elevador.
Em entrevista à Revista Exame, pesquisadores do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam que não há previsão de chuvas o suficiente para recuperar o nível dos reservatórios até fevereiro de 2022.
Depois de citar que, como medida de enfrentamento à crise hídrica, desligou o aquecimento da piscina do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que pede à Deus que venha chuva.
Edição: Vinícius Segalla