POLÍTICA HIGIENISTA

RJ: Prefeitura é acusada de adulterar obra de Niemeyer para vetar pessoas em situação de rua

Prefeitura de Duque de Caxias afirma que reforma em teatro foi autorizada por escritório do arquiteto, mas sobrinho nega

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Muro Caxias
Prefeitura de Duque de Caxias (RJ) afirma que obra foi autorizada pelo escritório de Oscar Niemeyer, mas sobrinho de arquiteto nega a informação - Reprodução/Fórum Grita Baixada

A Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, iniciou na última terça-feira (21) a construção de um muro na rampa de acesso ao Teatro Raul Cortez, na Praça do Pacificador. Moradores e movimentos sociais e de direitos humanos denunciaram o caso nas redes sociais e afirmam que o objetivo do prefeito Washington Reis (MDB) é impedir que pessoas em situação de rua se abriguem debaixo da rampa.

Leia mais: "Com tanto cartão corporativo, seguimos nas calçadas", diz homem em situação de rua

A obra também chamou a atenção negativamente por se tratar de uma descaracterização da arquitetura original de um prédio projetado por Oscar Niemeyer. "A medida reflete a prática higienista de lançar mão do design hostil para excluir determinados grupos como a população em situação de rua do espaço público", afirmou o Fórum Grita Baixada.

A obra vem sendo chamada de "Muro da Vergonha" por reforçar o preconceito contra a população em situação de rua e pelo fato de a Prefeitura de Caxias não ter apresentado um programa de políticas públicas eficiente para tratar o caso.

Após a repercussão, a Prefeitura de Caxias publicou na tarde desta quinta-feira (23), em seu site, a informação de que a reforma ocorre em função dos 15 anos de inauguração do teatro e que ela foi uma exigência do Corpo de Bombeiros. O custo total previsto da obra é R$ 2,2 milhões.

Leia também: Curso de capacitação em agroecologia tem 200 vagas abertas; saiba como se inscrever

No site, a Prefeitura de Caxias afirma, ainda, que a reforma geral do prédio foi autorizada pelo escritório do arquiteto Oscar Niemeyer e que "a obra original não ficará descaracteriza". Mas em entrevista ao jornal O Globo, o bisneto de Niemeyer, Paulo Niemeyer, que também assina o projeto do teatro, disse que a intervenção não foi autorizada pelo escritório de arquitetura da família.

A Prefeitura disse, também, que não tem a intenção de "impossibilitar o abrigo para moradores de rua" e que a cidade tem locais específicos e apropriados para "o acolhimento de dependentes químicos e pessoas em situação de rua, como os Centros de Referência de Assistência Social, o Centro Pop e a Fazenda Paraíso, por exemplo".

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Eduardo Miranda