Segurança

Jovem sobrevivente de ação policial em Anchieta (RJ) entra para programa de proteção

A abordagem da PM no sábado (25), no bairro de Anchieta, matou Samuel Vicente e William Vasconcellos

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Álém de Camily, a sua mãe, Maria do Carmo da Silva, também foi encaminhada ao Provita-RJ - Foto: Arquivo//Fernando Frazão/Agência Brasil

A jovem Camily Apolinário, sobrevivente da ação policial que culminou na morte do seu namorado, Samuel Vicente e de William Vasconcellos na comunidade do Chapadão, no bairro de Anchieta, na zona norte do Rio de Janeiro, no sábado (25), será incluída no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Estato (Provita-RJ). 

Na última quarta-feira (29), a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) recebeu Camily Apolinário e parentes de William Vasconcellos da Silva e Samuel Vicente. Além de Camily, a sua mãe, Maria do Carmo da Silva, também foi encaminhada ao Provita-RJ.

De acordo com a versão apresentada por Camily, ela e o namorado estavam numa festa na comunidade, quando a jovem passou mal e o seu namorado, Samuel, ligou para o padrasto, William, para levá-la à uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). Os três estavam em uma moto que foi alvejada por uma equipe de policiais militares que patrulhava o local. Testemunhas afirmam que não houve pedido para o veículo parar.

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A presidente da comissão, deputada Dani Monteiro (Psol), afirmou que os relatos ouvidos durante o atendimento ajudaram a compreender a dinâmica dos fatos. Ela cobrou rigor na apuração do caso. 
 
“É inadmissível que o Estado autorize o assassinato de pessoas negras, apenas por estarem em uma moto. Os policiais atiram primeiro e perguntam depois. Favelado não pode andar de moto? Os policiais precisam ser afastados e julgados. Não há fé pública nesse caso. Testemunhas relataram da mesma forma, não houve nem tiro para o alto”, disse a deputada.
 
A mãe de Camily disse acreditar que, ainda que tardiamente, o Poder Judiciário irá condenar os responsáveis. E demonstrou receio com a segurança a filha.
 
“Samuel, William e Camily não são bandidos nem traficantes, e não estavam fazendo nada anormal. A Polícia trabalha com achismo ou com certeza? Para que recebem treinamento? Implantaram terror na vida da minha filha. O sorriso que vocês veem na internet não existe mais, ela tem medo até de ir ao portão”, contou.

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Sônia Bonfim Vicente disse que, diferentemente do que foi noticiado pela imprensa, não havia baile funk na comunidade no dia da ação. Ela questionou a ação e revelou o desalento diante da tragédia de perder o filho e o marido.

“Levaram meu coração e meu útero. Quero os pertences do meu marido e do meu filho. Onde estão a chave do carro, as identidades, o documento da moto e o celular do meu filho? Que bandido compra moto no próprio nome? Perdi meu marido provedor, fiquei com duas filhas, uma de quatro e uma de oito anos”, afirmou.


Investigação

O caso foi registrado e está sob investigação na 27ª Delegacia de Polícia (Vicente de Carvalho). A Corregedoria da PM também está apurando o ocorrido.
 

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister