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Pandemia: Brasil assiste a novos capítulos do escândalo da Prevent e libera torcidas em estádio

Denúncias de irregularidades e uso indevido de 'kit covid' chegaram a outras operadoras de saúde, como a HapVida

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Denúncias sobre pressão da Prevent para liberação mais acelerada de pacientes das UTIs chocou profissionais da área, políticos e outros atores - AFP
Empresa agora é acusada de ter orientado médicos a diminuírem nível de oxigênio de pacientes de UTI

Em mais uma semana tumultuada por fatos alarmantes, o Brasil viu surgirem novas denúncias que, pouco a pouco, ajudam a dimensionar a gravidade da má condução da pandemia no país por parte das autoridades federais. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, palco dos principais embates que circundam o tema, serviu de cenário para que viesse à tona mais uma imputação que atinge a operadora de saúde Prevent Senior.

Já implicada por denúncias que evidenciam indícios de irregularidades em uma pesquisa com a cloroquina, a empresa agora é alvo da acusação de que teria orientado médicos dos hospitais da rede a diminuírem o nível de oxigênio de pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensivas (UTIs). A intenção seria liberar os leitos.

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A denúncia partiu da advogada Bruna Morata, que depôs na CPI na última terça (28). Ela representa o grupo de médicos que produziu o dossiê encaminhado ao colegiado com diferentes acusações que pesam contra a Prevent Senior e que hoje estão na mira dos senadores.

De acordo com Morata, seria comum na operadora a perspectiva de que “óbito também é alta”. Ao citar o relato de um dos denunciantes, ela disse ainda que o procedimento de redução de oxigênio era sugerido nos casos de pessoas que tivessem mais de 10 ou 14 dias de internação.

A denúncia impressionou os parlamentares da CPI e gerou uma cascata de críticas de outros atores políticos e internautas que se mostraram atônitos diante do relato. O médico de família e comunidade Aristóteles Cardona Jr., da Rede de Médicas e Médicos Populares, considera preocupantes as denúncias relacionadas à Prevent.

“Isso é muito chocante porque, de maneira geral, o objetivo da medicina e dos espaços é sempre trabalhar o máximo possível pra que as pessoas saiam bem, sejam as pessoas que não estão tão graves, sejam as mais graves”, pontua.

“Essa lógica de querer se desfazer das pessoas é muito chocante porque inverte todo o sentido de se fazer o cuidado, de se estabelecer uma medicina que se imaginava de alta qualidade em nome de números, de uma propaganda política, em nome do acordo que essa rede hospitalar teve com relação a isso, com o governo federal”.

A Prevent Senior já vinha sendo acusada também de pressionar médicos a adotarem o chamado “kit covid” para pacientes infectados. O coquetel não é recomendado pelas autoridades de saúde para esse tipo de situação e pode trazer outros danos aos doentes, segundo sinalizado em diferentes estudos.

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Ainda em funcionamento, CPI da Covid vive reta final e investiga atos e omissões do governo Bolsonaro na condução da pandemia / Pedro França/Agência Senado

A adoção dessas medicações para esse tipo de situação fez com que os holofotes se voltassem também para outras operadoras de saúde. A HapVida, por exemplo, está sob investigação do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) por supostamente ter criado um contexto de constrangimento para persuadir profissionais a utilizarem a medicação em pacientes de Ribeirão Preto (SP).

A informação sobre a investigação foi dada pelo próprio Cremesp na última quarta (29), ocasião em que a entidade destacou que o caso corre em “sigilo determinado por lei”.

Futebol

Na rota das novidades que emergiram ao longo da semana no país, também teve destaque o anúncio de que a partir deste fim de semana os estádios de futebol voltarão a contar com torcida. 

Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a cota de presentes a ser liberada dependerá das condições locais de cada estado e, consequentemente, das regras sanitárias em vigor em cada localidade. Ao todo, 18 dos 20 clubes que compõem a primeira divisão demonstraram concordância com o retorno.

O mês de setembro encerrou como o de menos mortes por covid no país em 2021, com 16.275 óbitos totais. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) registrou 506 falecimentos e mais de 18 mil novas infecções entre quinta (30) e sexta (1º).

As notificações fazem com que o país ultrapasse as marcas das mais de 597 mil mortes por covid e dos mais de 21,4 milhões de pessoas já contaminadas pelo vírus. No quesito vacinação, o Brasil tem hoje cerca de 43% da população totalmente vacinados contra a doença.

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A imunidade diante do vírus só é considerada após a conclusão do esquema vacinal, que compreende duas doses. Segundo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na quarta (29), por exemplo, 11% dos brasileiros que tomaram a primeira dose do imunizante estão com a segunda aplicação atrasada.

É nesse contexto que a decisão de abertura dos estádios para torcedores acendeu um alerta entre profissionais de saúde.

“Os números voltaram a crescer – não como antes, ainda bem, mas voltaram a crescer – e a gente ainda não sabe o que vem pela frente. Então, achei muito precipitado [a decisão sobre os estádios]. A gente poderia esperar um pouco mais. Não é algo essencial. Infelizmente, está acontecendo e agora vamos acompanhar pra ver”, comenta Ari Cardona Jr., que é médico do SUS.

Edição: Vinicius Segalla