A CPI da Covid recebeu o parecer da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), do Ministério da Saúde, que recusa a recomendação de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina para o tratamento contra a covid-19.
O parecer deveria ser analisado e votado nesta quinta-feira (7) pela Conitec, mas, segundo os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE), a análise foi adiada após uma interferência política direta do presidente Jair Bolsonaro, passando por cima, inclusive, do ministro Marcelo Queiroga.
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Na manhã desta quinta, Rodrigues leu um trecho do parecer durante a CPI. “Recomendamos não utilizar hidroxicloroquina e cloroquina em isolado ou em associação com azitromicina, em pacientes com suspeita ou diagnóstico de covid-19 em tratamento ambulatorial”, afirmou o vice-presidente da CPI. O mesmo foi recomendado para ivermectina.
Em maio de 2021, o órgão já havia se manifestado sobre o assunto. De acordo com o documento daquela ocasião, "não há evidência de benefício" da cloroquina "seja no seu uso de forma isolada ou em associação com outros medicamentos."
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Durante seu depoimento à CPI, Queiroga evitou responder perguntas sobre o uso de cloroquina em pacientes com covid-19, justificando que esperaria o parecer da Conitec para se posicionar. Na ocasião, Queiroga afirmou que “essa [uso da cloroquina] é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec", durante a CPI.
Na mesma linha, Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), afirmou que não se falava em cloroquina como opção para o tratamento da covid-19 em março de 2020, no começo da pandemia no Brasil. No entanto, no mesmo período, a própria Secom divulgou que o medicamento estava aprovado para combater casos graves.
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O assunto foi um dos mais tratados durante as investigações da CPI, já que por diversas vezes o governo federal e o Ministério da Saúde fizeram propaganda do medicamento, mesmo sem comprovação científica da eficácia.
Em junho de 2020, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) pediu a abertura de uma investigação sobre a compra, sem licitação, de matéria-prima para medicamentos à base de cloroquina pelo Comando do Exército. No ano passado, cerca de 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina foram produzidos pelo Exército após Bolsonaro determinar a fabricação para o combate ao novo coronavírus.
Edição: Vivian Virissimo