O presidente do Peru Pedro Castillo realizou, nesta quinta-feira (7), sua primeira reforma de gabinete apenas 70 dias após a posse. São sete novos ministros da um total de 19. A mudança foi motivada pela renúncia do primeiro-ministro, Guido Bellido, entregue na última quarta-feira (7).
Bellido teria renunciado a pedido de Castillo por discordâncias políticas e ideológicas.
A nova líder do Conselho de Ministros será a ex-presidenta do Congresso, Mirtha Vásquez, do partido Peru Livre. Já a vice-presidenta Dina Boluarte assume como ministra de Desenvolvimento e Inclusão Social.
"Entendo que ele busca um nome que tenha força de negociação dentro do Congresso e com as forças que compõem seu gabinete para implementar as políticas que anunciou, já que até o momento o setor público peruano está no piloto automático", analisa o antropólogo peruano Javier Torres.
Em entrevista a meios locais peruanos, Mirtha Vásquez disse que buscará uma estratégia de aproximação com o Poder Legislativo, "sinto que ambos poderes estão numa lógica equivocada de guerra, e frente a qualquer ação o outro responde com reação", comentou a nova primeira-ministra.
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Em outras pastas, Betssy Chávez Chino assume o Trabalho e Gisela Ortiz Perea, a Cultura.
Carlos Gallardo assume como ministro de Educação no lugar de Juan Callido. Luis Roberto Varranzuela assume como ministro do Interior, substituindo seu antecessor Juan Carrasco.
Ainda foram alterados os ministérios de Energia e Minas e de Produção.
"Tomo essas decisões a favor da governabilidade: equilíbrio de poderes é a ponte entre o Estado de direito e a democracia. Deve procurar tranquilidade e coesão no governo", declarou o presidente Pedro Castillo após anunciar a reforma ministerial.
O novo gabinete deverá passar pelo voto de confiança do Parlamento nos próximos dias, seguindo o rito constitucional peruano.
Presidente @PedroCastilloTe: Mi Gobierno, en su compromiso por abordar prioritariamente los grandes problemas que tiene el país, como son la salud, el hambre y la pobreza, he decidido tomar algunas decisiones, en favor de la gobernabilidad.#MensajeALaNación pic.twitter.com/M5WzB0WhBB
— Presidencia del Perú 🇵🇪 (@presidenciaperu) October 6, 2021
Enquanto isso, o partido governante Peru Livre afirmou que não apoia o novo gabinete e irá trabalhar para levantar assinaturas a favor do referendo constitucional para alterar a atual Carta Magna do país, uma das principais propostas de campanha de Castillo.
"A bancada de Peru Livre não respalda esse gabinete. Isso porque consideramos que é uma traição a todas as maiorias que esperaram durante muitos anos chegar ao poder para que sejam atendidos, e não vemos aqui uma consequência mínima para atender essas demandas", declarou o líder da bancada, Waldemar Cerrón.
🔴✏️Lo decimos contundentemente que la Bancada de Perú Libre no respalda este gabinete.#waldemarcerroncongresista#FuerzaNacidaDelPueblo#bancadaperúlibre pic.twitter.com/lzQMCuHehu
— Waldemar Cerrón Rojas (@rojas_cerron) October 7, 2021
Na última semana também tornaram-se públicas mensagens de um grupo de Whats app de parlamentares do partido Peru Livre. Ali, o ex-premiê Guido Bellido e o presidente da legenda, Vladimir Cerrón, solicitam à bancada elaborar um documento exigindo a destituição do chanceler Oscar Maúrtua.
No entanto, outros congressistas afirmam que votarão pela governabilidade. dando voto de confiança ao novo gabinete, como é o caso da deputada Katy Ugarte (Peru Libre).
Para o editor do portal peruano Noticias SER, Javier Torres, a mudança do chefe do gabinete de ministros marca uma ruptura entre Castillo e Peru Livre.
"Mais do que uma moderação do ponto de vista ideológico, creio que é uma resposta à gestão caótica do premiê Bellido. Peru Livre, lamentavelmente, não mostrou capacidade de governança", comenta Torres.
Sobre a reforma da Constituição, promulgada durante o regime de Alberto Fujimori, o analista peruano não vê possiibilidade de que a proposta avance antes de 2023.
"É uma bandeira presente, mas não há condições políticas favoráveis no Congresso para que seja implementada. Também ainda não está muito claro quais são as mudanças que propõe Peru Livre", conclui Javier Torres.
Edição: Arturo Hartmann