Temos um estilo de vida em que somos puramente trabalho
A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um problema cada vez mais frequente na sociedade contemporânea. O que pouco se debate é que, além de sintomas individuais, os casos também estão ligados a precarização da seguridade social, aumento da competitividade e busca desenfreada pelo lucro por parte de empresas e empregadores, comportamento crescente com acirramento da lógica neoliberal nas últimas décadas.
“A síndrome de burnout é uma categoria médica que vem mostrar como pessoas tem determinados sintomas pelo excesso de trabalho, responsabilidade e competição”, pontuou o professor de sociologia do Instituto Federal de Alagoas, Leonardo Siqueira, em entrevista à edição de hoje (7) do Programa Bem Viver. “No passado, se alguém da equipe tinha dificuldades, a cultura era de todos o ajudarem a superar. A partir dos anos 1970 esse paradigma muda e as gestões adotam a ideia de pressionar para ter maior ganho. Se ele estourar é substituído por outra pessoa”.
Os casos são especialmente complexos quando olhamos para o que o especialista chama de “base da pirâmide”, em especial as mulheres negras, maioria entre os trabalhadores mais pobres. “Desde sempre para elas o trabalho foi uma atividade precarizada, sem distinção entre espaço de trabalho e casa. Onde está o limite entre público e privado aí?”, questionou. “Temos um estilo de vida em que somos puramente trabalho. Se eu tenho algum fracasso a culpa é minha. Precisamos produzir espaços comuns e mexer nos ideais de felicidade que estão nas redes sociais.”
A síndrome de burnout foi nomeada e diagnosticada pela primeira vez em 1974, por um médico estadunidense. Ela se caracteriza, principalmente, por um estado de tensão emocional e estresse crônico provocado por condições de trabalho desgastantes, seja no físico, emocional ou psicológico.
Fazendas na Caatinga
Nos últimos 36 anos, a área de agricultura na Caatinga cresceu em 1456% segundo levantamento da rede Mapbiomas, um coletivo que reúne diversas organizações voltadas à proteção ambiental no Brasil. Entre 1985 e 2020 houve um aumento de 1 milhão e 300 mil hectares de terra destinos à atividade.
Segundo os pesquisadores do Mapbiomas, não há como afirmar o tipo de cultivo que ocupa as novas áreas de plantação, mas é possível identificar o tamanho das fazendas. O que chama a atenção é que quase todas são propriedades de grande porte, o que indica que não são utilizadas por agricultores familiares ou outros tipos de cultivos direcionados há alimentação, que historicamente ocupam áreas menores.
A rede Mapbiomas vem lançando uma série de estudos sobre os impactos que os biomas nacionais sofrem com o avanço do desmatamento, a partir da reunião e da análise de dados coletados nos últimos 36 anos. O estudo sobre a Caatinga é o terceiro de uma série que vem sendo lançada desde final de setembro.
O mesmo levantamento aponta que só na Amazônia, foram destruídos no período um território de aproximadamente 80 milhões de hectares, o semelhante a toda área do Chile. Os pesquisadores destacaram também que a atividade da mineração cresceu em 650% na Amazônia e a pecuária e agricultura aumentaram em 130%.
O outro estudo da rede focou no Pantanal. O bioma perdeu 29% de área alagada em pouco mais de 30 anos e teve 57% do seu território incendiado pelo menos uma vez, sendo o bioma brasileiro que mais pegou fogo no período.
Plantando na capital paulista
É muito comum ouvir de moradores de São Paulo que estão cansados da cidade. Muitas vezes, a vontade dessas pessoas é se mudar para cidades menores e áreas rurais, com mais tranquilidade, ar mais puro e tempo para se alimentar com qualidade, comendo frutas e verduras orgânicas.
Mas, mesmo morando na metrópole, é possível ter acesso a alguns itens dessa lista: na borda da cidade existe um cinturão de terra destinada ao cultivo de alimentos orgânicos de qualidade. Trata-se do Ballaio Orgânico, uma iniciativa familiar que vem promovendo uma pequena revolução alimentar em São Paulo.
Além de cultivar e colher os alimentos orgânicos, o coletivo monta cestas de alimentos que são entregues a famílias da cidade semanalmente, com grande variedade.
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Edição: Sarah Fernandes