Os dados sobre a cobertura do pré-natal no país são frágeis. Um estudo de 2017, com dados do DataSus coletados entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, mostra que apesar da alta cobertura, o pré-natal ainda apresenta lacunas. Segundo a pesquisa, 95,3% das gestantes receberam o cartão pré-natal e 83,7% iniciaram o acompanhamento com menos de 13 semanas de gestação. No entanto, apenas 69,2% receberam todos os aconselhamentos.
Entre a população indígena, em situação de maior vulnerabilidade, o cenário piora. O Primeiro Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, realizado ainda em 2019, apenas 30% das mulheres indígenas iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre de gestação.
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“Esse é um ponto importante do entendimento do pré-natal, porque é muito necessário que as mulheres comecem no primeiro trimestre, porque é onde identifica uma série de doenças que pode prevenir ou curar para evitar que alcancem o bebê”, afirma Luiza Garnelo, pesquisadora do Instituto Leônidas & Maria Deane, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Garnelo, que é coautora do artigo “Avaliação da atenção pré-natal ofertada às mulheres indígenas no Brasil: achados do Primeiro Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas”, explica também que a maioria das gestantes indígenas não realizou o mínimo de consultas recomendado pelo Ministério da Saúde, cerca de 84%.
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No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda no mínimo seis consultas, uma no primeiro trimestre da gestação, duas no segundo e três no terceiro, todas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O índice de exames físicos também se mostrou bastante baixo, como exames de mama, dosagem de açúcar no sangue, de urina, entre outros.
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“A maior parte das mulheres não teve exames solicitados. Mais de 50% que teve exame solicitado o percentual também não foi lido, revisado. Se foi realizado, não houve um retorno do dado para o paciente pelos médicos”, afirma Garnelo.
O pré-natal é considerado uma das ferramentas mais importantes para a redução da morbimortalidade materna e infantil e para a prevenção e detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais. Trata-se de um acompanhamento abrangente que envolve não apenas médicos e enfermeiros, mas especialistas de outras áreas que possam acompanhar aspectos como o desenvolvimento infantil e a saúde emocional dos pais.
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Edição: Vivian Virissimo