CPI mostrou que presidente tentou comprar vacina por atravessadores com preços mais altos
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), reforçou que o relatório final da CPI, a ser entregue no próximo dia 30, indiciará o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por crime de responsabilidade. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao programa Brasil de Fato Entrevista, repercutido na edição de hoje (8) do Programa Bem Viver.
“Há uma definição sobre a utilização do crime de responsabilidade. Vamos responsabilizar o presidente e outras pessoas do governo e do Estado brasileiro que por omissão participaram dessa tragédia [da pandemia no Brasil]”, disse. “Vamos utilizar nessa responsabilização vários tipos de crimes comuns e, em alguns casos, crime contra saúde pública. Estamos avaliando a possibilidade de responsabilizar o presidente pelo crime de genocídio”.
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Na conversa, o senador reformou a importância de a sociedade seguir mobilizada, cobrando punições, responsabilizações e esclarecimentos, mesmo após a entrega do relatório final da CPI. As acusações contra o presidente serão encaminhadas para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que tem o prazo de 30 dias para avaliação e encaminhamento. Outros processos serão direcionados para instâncias do Ministério Público Federal (MPF).
“A CPI demonstrou para o Brasil que o presidente, além de não querer comprar vacina, quando o fez foi por atravessadores, que queriam potencializar o preço. Temos que responsabilizar as pessoas que participaram desse encaminhamento”, pontuou Calheiros. “Tivemos 70% de aprovação da população sobre os trabalhos da CPI, isso é algo fantástico no Brasil e no mundo, em um momento em que parlamentos enfrentam tanto desgaste.”
Calheiros é um dos parlamentares mais antigos em atuação no Congresso Nacional. Desde 1995 ele é senador e por 4 anos foi presidente do Senado Federal. Em abril deste ano, quando uma decisão do Supremo Tribunal Federal obrigou que fosse criada a CPI da Covid, Calheiros assumiu o cargo de relator. Assim, ele é o parlamentar responsável por elaborar o relatório final, reunindo depoimentos, provas, evidências e documentos que vieram à tona ao longo das sessões.
Ritos motivacionais em empresas
Os chamados ritos motivacionais de empresas ainda são comuns no Brasil. As ações envolvem gritos de guerra, orações coletivas, gincanas e outras manifestações intimidadoras dos trabalhadores. Juízes do trabalho afirmam que as empresas podem ser responsabilizadas pelas dinâmicas e condenadas a pagarem indenizações aos trabalhadores.
No Brasil, os ritos motivacionais não são considerados crimes, mas a Justiça tem punido empresários que coagem os trabalhadores a participarem dessas atividades, entendendo a postura como um ato de assédio moral.
A reportagem do Brasil de Fato ouviu trabalhadores que se sentiram humilhados com a prática. Nas palavras deles, foram obrigados a participar das ações e se sentiram constrangidos e coagidos. Vídeos com essas práticas circulam pelas redes sociais. Já foram registrados casos na rede de restaurantes Coco Bambu, na operadora de saúde Prevent Senior e na rede de lojas Havan.
Mestre Moa, presente!
O dia 8 de outubro marca um acontecimento triste para história brasileira: nesta data, em 2019, o capoeirista Mestre Moa do Katendê foi covardemente assassinado em Salvador. Além de ser reconhecido como um dos maiores capoeiristas do país, ele também se destacava pelo seu trabalho artístico, como exemplo a inclusão do Afoxé como expressão nacional na década de 1970.
Para companheiros de Moa, o assassinato do mestre foi um prenúncio da onda de ódio que viria a se intensificar no Brasil nos últimos três anos. Moa foi morto por um apoiador do então candidato à presidência da república Jair Bolsonaro, após uma discussão em um bar.
O Brasil de Fato preparou um material especial para celebrar a vida e o legado de Moa, relembrando o conhecimento que ajudou a preservar e desenvolver para o Brasil.
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Edição: Sarah Fernandes