Números da pandemia melhoraram, mas ainda estamos longe nos livrar dos perigos do vírus
A edição de hoje (11) do Programa Bem Viver traz um debate essencial sobre a pandemia no Brasil: é a hora de retirar a obrigatoriedade do uso de máscaras, como alguns municípios planejam? O debate ganhou força na última semana, quando as prefeituras do Rio de Janeiro e de São Paulo anunciaram que podem desobrigar o uso de máscaras ainda esse mês. O argumento apresentado pelas Secretarias de Saúde das capitais é nelas que a taxa de imunização completa já supera 60%.
Para o médico de família e comunidade Aristóteles Cardona, entrevistado no podcast Covid-19 na Semana, com repercussão no Bem Viver, a resposta é fácil: ainda não é o momento. Diversas organizações de saúde, nacionais e internacionais, defendem que é preciso ter no mínimo 70% da população completamente imunizada para retirar as máscaras. Ao todo 45% da população brasileira esta vacinada com as duas doses ou com a dose única da vacina.
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“A máscara deve ser a última medida a ser retirada, porque é uma medida simples e muito eficaz no combate a pandemia. Desobrigar o uso é precipitado”, disse Cardona. “Ainda não é hora de amenizar, é cedo para suspender uso de máscara. Diversos países que tinham suspendido voltaram atrás. Os números da pandemia que temos agora melhoraram, mas ainda estamos longe de dizer que nos livramos totalmente dos perigos do vírus.”
O especialista reforçou que o Brasil ainda não tem a pandemia sob controle, em nenhum município. Apesar da redução constante e gradual no número de casos e mortes pela covid-19, o patamar de óbitos por dia segue na faixa de 450 mortes, número ainda muito alto, que não pode ser normalizado.
Mais médicos
Para tentar driblar a falta de médicos causada pelo fim do programa federal Mais Médicos, municípios e estados têm implantado iniciativas independentes para tentar atrair os profissionais de saúde para regiões mais remotas e para as periferias das grandes cidades. O Mais Médicos foi criado em 8 julho de 2013, ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, para suprir a carência de médicos, oferecendo bolsas e realizando parcerias com profissionais de outros países.
Alguns estados conseguiram colocar em prática um programa nos mesmos moldes no Mais Médicos, mas apenas com profissionais brasileiros. Gestores relatam que, mesmo assim, tem sido um desafio adequar o orçamento da cidade para uma medida que exige verba relevante. Por isso, ele acaba não sendo tão efetivo como o Mais Médicos. Um efeito prático desse cenário é a queda no índice de visitas médicas domiciliares no país.
Desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o programa perdeu força, em especial quando o governo de Cuba, principal parceiro do Mais Médicos, anunciou o fim da parceria com o Brasil por conta de comentários ofensivos que Bolsonaro fez contra a ilha caribenha e a população do país. Desde então, o governo federal tem tentado emplacar um programa substituto, o Médicos pelo Brasil, que por enquanto ainda não saiu do papel.
Pré-natal para indígenas
Apenas 30% das mulheres indígenas iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre de gestação, como é recomendado por órgãos de saúde, e 14% não realizaram nenhuma consulta durante a gravidez. Os dados são do primeiro Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, divulgado no último mês.
O pré-natal é considerado uma das estratégias mais importantes para reduzir a mortalidade materna e infantil e para prevenir e detectar patologias maternas e fetais.
O Inquérito é uma iniciativa do Sistema Único de Saúde (SUS) que entrevistou pelo menos 4 mil mulheres gestantes ou que tiveram o filho há menos de um mês.
Centenário de Dom Paulo Arns
Em 2021 o Brasil comemora o centenário de Paulo Evaristo Arns, conhecido como cardeal da resistência ou das periferias. Dom Paulo ocupou os mais altos cargos da igreja, incluindo o posto de Arcebispo de São Paulo.
Mas não é exagero afirmar que foi o combate à ditadura que fez de Dom Paulo um símbolo nacional. Ele foi um dos responsáveis pelo projeto Brasil Nunca Mais, que reuniu mais de um milhão de documentos do Superior Tribunal Militar revelando a repressão política no Brasil durante a ditadura.
Outro feito importante foi a criação Comissão Justiça e Paz de São Paulo. Como reconhecimento por sua obra humanitária, Dom Paulo recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior.
Cartola
O Programa Bem Viver presta uma homenagem ao aniversariante do dia: Agenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, um dos principais nomes do samba no Brasil, com uma contribuição imensa na imortalização desse gênero musical.
Cartola nasceu em 11 de outubro de 1908. A história do músico é emblemática já que ele demorou décadas para ter seu trabalho reconhecido. Foram altos e baixos, passando por momentos de muita dureza.
Mesmo compondo músicas que fizeram enorme sucesso, interpretadas por grandes vozes da música brasileira, Cartola não era convidado pra gravar um trabalho próprio, como mais um reflexo do racismo no Brasil.
Foram mais de 50 anos até Cartola ter o primeiro vinil gravado. Em 1974, a gravadora independente Discos Marcus Pereira convidou Cartola para gravar um trabalho que se tornaria uma das maiores preciosidades da música. O disco que tinha o nome do cantor trouxe sucessos consagrados como “Disfarça e Chora”, “O Sol Nascerá”, “Alvorada” e “Quem me vê sorrindo”.
Sintonize
O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo.
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Edição: Sarah Fernandes