Mudança de rota

CPI da Covid desiste de terceiro depoimento de Queiroga para evitar “palco”

Presidente da comissão diz que ministro se tornou um ‘Pazuello de bata branca’, em referência à obediência a Bolsonaro

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

Ouça o áudio:

Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde, durante oitiva anterior à CPI da Covid, no Senado - Geraldo Magela/Agência Senado

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid decidiu derrubar a previsão de um terceiro depoimento a ser prestado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao colegiado. O mandatário falaria ao colegiado na próxima semana, mas uma mudança de planos da comissão definiu que os senadores podem ouvir no lugar dele o médico Carlos Carvalho, que lidera uma pesquisa sobre utilização do chamado “kit covid” no combate ao coronavírus.

Os senadores se reuniram nesta terça-feira (12) para alterar o cronograma de depoimentos nesta reta final dos trabalhos da CPI. De acordo com informações publicadas pela Reuters, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a mudança de rota se dá para evitar que o depoimento se converta em um “palco” para Queiroga.

"Vai querer usar um palanque daquele para o voto bolsonarista para crescer politicamente e ser candidato ao Senado na Paraíba. Ele não vai ter esse palco", disse Aziz ao veículo, ao mencionar preocupação com a conduta do ministro, cuja postura de defesa de medidas preventivas da covid seria voltada à busca por dividendos políticos.  

“Hoje ele é um Pazuello de bata branca. Ele virou ‘um manda, o outro obedece’. Ele não tem mais condições tecnicamente como médico, como profissional da área da saúde de falar pelo ministério”, acrescentou o senador. A declaração é uma referência ao  ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que ficou conhecido por dizer que cumpria as determinações de Bolsonaro.

O depoimento do médico Carlos Carvalho ainda precisa ser votado e chancelado pela CPI para que possa ocorrer. A expectativa do colegiado, segundo divulgado à imprensa, é avaliar a proposta em uma sessão extraordinária na próxima sexta (15).

 

 

 

Edição: Anelize Moreira