A criança precisa desse autocontrole. O quanto eu estou comendo? O quanto eu consigo comer?
Como preparar a alimentação das crianças para um futuro saudável? A resposta não é simples.
"Eu procuro me alimentar com ela. Então toda vez que eu vou comer é o horário que ela vai comer", explica a radialista Lívia Basílio, mãe da pequena Olga.
Na casa de Renata Cristina Ferreira, diretora de uma escola infantil, em São Paulo (SP), a estratégia adotada já é outra.
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"Qualidade do alimento sou eu que escolho, mas a quantidade é o meu filho que define", conta.
Durante o desenvolvimento infantil, há fases que marcam a formação dos hábitos alimentares. O ponto inicial vem ainda na gestação: o consumo alimentar da mãe já influencia na formação do paladar do bebê.
É só após meses de amamentação, que a criança é apresentada aos alimentos, basicamente in natura. Esse período é chamado de introdução alimentar.
A criança passa a não perceber o que ela está comendo, e essa não percepção, leva a um erro alimentar
Mas a formação de uma identidade alimentar, essa começa em geral, pouco antes dos 3 anos de idade. É um momento chave, em que as pequenas e pequenos passam a fazer suas próprias escolhas. É também quando se inicia o convívio social na escola.
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O mais velho de Renata, com quase 4 aninhos, está justamente nessa fase.
"A convivência com as outras crianças, e até mesmo a rotina da escola, acabou alterando um pouco essa alimentação. Frequentar as festinhas dos amiguinhos da sala, ou às vezes as outras famílias mandam lembrancinhas para a escola para entregar aos demais alunos, então foi o meio onde ele acabou conhecendo um pirulito, uma bala de goma. Foi através da vivência social, que um dia ou outro, iria acontecer", destaca.
Já Lívia confessa que está um pouco apreensiva para a chegada desta etapa. Olga ainda não fala, e nem chegou a completar dois anos de vida.
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"Principalmente quando ela começa a comer coisas que eu acho que ela vai amar porque eu amo. Com certeza tem essa apreensão, porque aqui a gente gosta muito de doces e consome", afirma a Diretora de Imagem.
A nutricionista infantil Carolina Tenório aponta que os hábitos dos pais têm um peso grande na construção do paladar da criança. E faz um alerta. Nos mercados, os rótulos de produtos ultraprocessados, que indicam que o alimento tem alta propriedade nutricional, muitas vezes não passam de publicidade.
"Esses alimentos são super concentrados em algum nutriente, ou ele é muito doce, ou ele é muito salgado. Esse sabor doce a criança já vem com aptidão, já nasce com aptidão maior ao sabor doce", aponta a profissional.
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Outro cuidado é em relação ao uso das telas durante as refeições. É uma prática comum, e que de certa forma ajuda os pais. Isto porque, a criança, de tão entretida, acaba comendo tudo o que tem no prato. Mas isso também pode ser um problema.
"A criança passa a não perceber o que ela está comendo, e essa não percepção, leva também a um erro alimentar, porque a criança precisa desse autocontrole. O quanto eu estou comendo? O quanto eu consigo comer?", conclui a especialista.
Edição: Daniel Lamir